A cruz geográfica
Depois de uma eleição com direito a discussão de lugar de ponte, lembremos da geografia de Blumenau. Nossa cidade é dividida não apenas pelo rio que corre de Oeste para Leste. Existe uma cadeia de morros posicionada de Norte a Sul, formando o eixo de uma cruz irregular, cujos braços são o próprio rio. A parte maior dessa cadeia de morros fica ao sul do Rio Itajaí e separa o vale do Garcia do vale da Velha. A parte norte, menor, porém, íngreme, é constituída pelo conjunto de morros da Ponta Aguda. Considerada no seu conjunto, para simplificar, é como se tivéssemos uma grande muralha dividindo a cidade, ficando a Leste todos os bairros do Grande Garcia, mais os bairros Vorstadt e Ponta Aguda e a Oeste, todo o restante da cidade.
Não são as atuais ruas e avenidas que se apertam para atravessar a muralha. Também o rio, milhões de anos antes, teve dificuldades para cruzá-la, fato visível nos grandes meandros encaixados que começam pela curva da Boa Vista e terminam na grande volta do Capim Volta/Vorstadt. No meio desse aperto todo, está o atualcentro da cruz e da cidade, que também é passagem obrigatória (por enquanto) para ligar os bairros do Leste com os bairros do Oeste da muralha.
Obras que permitam cruzar o trecho norte da muralha serão talvez mais importantes que a ligação Velha-Garcia, esta talvez mais complexa que aquela, dada a topografia, a distância e a frágil geologia da região Sul do município. Do lado norte – e não é a primeira vez que se fala nisso – um simples túnel resolveria o problema. Um túnel que encurtaria para no máximo 1.100 metros a distância atual de mais de seis quilômetros entre e o fim da Rua das Missões, a estrangulada Ponta Aguda e a subutilizada Ponte José Ferreira da Silva (a ponte do Anel Viário Norte).
Após essa ponte, pode-se seguir pela Rua Antônio Treiss e por outra ponte (já planejada) até atingir novamente a margem esquerda por uma nova via mais afastada do rio e sem grandes impactos ambientais até a divisa com Gaspar/Belchior e daí até a BR-470 que um dia será duplicada. Dessa forma, da divisa com Gaspar até o fim da Rua das Missões via as duas pontes e túnel, a distância seria de menos de cinco quilômetros, com boa ciclovia, bem entendido.
Seja qual for a localização da nova ponte do Centro, ela desembocará no gargalo da Ponta Aguda que poderá ser aliviado com melhorias locais, mas jamais dispensará alternativas mais amplas, “ad referendum” técnico, como as aqui aventadas.
autorizado pelo autor.
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Um comentário:
Cumprimento ao Professor Laura pela proposta apresentada pois quando assistia o horário eleitoral realmente não concordei nem com uma e nem outra alternativa. A idéia do túnel é genial e quem conhece a Europa sabe que lá o procedimento é este. O impacto ambiental é mínimo mas o impacto na mobilidade é positivo e é disso que mais o Vale necessita.
Parabéns Professor!
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