26 de novembro de 2012

CEZAR ZILLIG


GOTT MIT UNS



Inscrição cunhada nas fivelas dos soldados alemães durante as grandes guerras; significa “Deus conosco”. Lembro-me de ter visto documentários mostrando sacerdotes benzendo canhões; a proteção divina foi invocada por todos e canhões abençoados se confrontaram em combates encarniçados. Deus tem sido invocado para intervir em todas as causas, boas ou más.
Em pauta a discussão sobre o uso de símbolos e alusões religiosas em casas parlamentares, edifícios governamentais ou imiscuídos na rotina pública. A questão é desencadeada pela exigência – procedente – do Ministério Público para que se retire das cédulas de real a frase “Deus seja louvado” introduzida indevidamente pelo presidente José Sarney. Indevidamente, pois o Brasil é um país laico desde a instauração da república em 1890. Segundo o dicionário Houaiss, laico significa: que ou aquele que é hostil à influência, ao controle da igreja e do clero sobre a vida intelectual e moral, sobre as instituições e os serviços públicos. Portanto, um mero crucifixo em prédio público ou uma frase numa cédula representam uma influência explicita, uma desconsideração, para com os não seguidores. Mal comparando, seria como afixar um escudo de time de futebol – Coríntians, Grêmio, Metropolitano – agradando alguns e aborrecendo outros.
Um leitor oportunamente lembrou: e os feriados religiosos? De fato, o assunto cai no mesmo caso. É um resquício dos tempos imperiais. Um segundo leitor apontou outro vício, este no preâmbulo da Constituição de 1988: “sob a proteção de Deus”. Estes detalhes aportados contribuem para aprimorar a iniciativa do Ministério Público...
Quanto aos feriados religiosos poder-se-ia estipular quatro datas equidistantes no calendário e denomina-las “feriados de rito” e aí cada qual venere a divindade de sua devoção; ou vá passear, como faz a maioria. Poderia se iniciar com 25 de dezembro, conceda-se.
Quanto às moedas, Cristo emitiu opinião clara: mal intencionados fariseus lhe perguntaram se deviam ou não pagar impostos. Não era uma dúvida inocente, queriam indispô-lo com o Império Romano, um pretexto para finalmente eliminá-lo. Percebendo-lhes a artimanha, pediu-lhes mostrarem um Denário – a moeda de então – perguntando de quem era a efígie sobre a moeda? De César, responderam. Cristo então concluiu sua lição: “dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”

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