19 de maio de 2012

LAURO BACCA


"Limites (2)


Partindo da mãe África, há cerca de 90 mil anos, nossos ancestrais espalharam-se pelo mundo à pé, de forma que a humanidade estava presente em todos os continentes, exceto Antártica, há uns 8 mil anos ou mais. Poucas ilhas e lugares ainda não tinham vivenciado a presença humana antes dessa época, caso da Nova Zelândia, onde os polinésios chegaram há apenas uns mil anos e os primeiros europeus há uns 200 anos.

Com uns poucos milhões de habitantes já povoando os continentes, a agricultura surgiu há uns 10 mil anos e depois a escrita, que pariu a história. A agricultura e a pecuária, que permitiram a fixação do homem à terra, inicialmente era extensiva e de baixo impacto. Aos poucos, e de forma brutal, depois da revolução industrial e principalmente nos últimos 60 anos, fomos ocupando tudo e retirando das terras e das águas todos os recursos que podíamos. Avançando sempre, e sem saber como parar, já destruímos ou degradamos seriamente 90% de todas as florestas do planeta e já afetamos igualmente área semelhante de todos os rios e mares do mundo.

As técnicas cada vez mais sofisticadas de maior produção em um mesmo pedaço de terra, podem, porém, se voltar contra nós.

Reserva técnica


Nosso organismo tem uma espécie de reserva técnica de energia que pode ser usada não sempre, mas em situações emergenciais. Qualquer um que tenha saltado uma cerca, ante a ameaça de um touro bravio, que o diga. O mesmo acontece com um jovem que faz um esforço grande de estudos para passar em um concorrido vestibular. Conseguimos, em ocasiões especiais como essas, extrair uma energia a mais de nosso organismo, mas não por muito tempo, sob pena de colapso físico e/ou nervoso. Lembro de um amigo que virou algumas noites estudando para o vestibular, à força de café forte e fármacos estimulantes. Foi parar no hospital.

Assim como para o nosso corpo, para a Terra também há limites. Vivemos um período em que, para sobrevivência própria e do sistema criado, extraímos o máximo da terra e da Terra, com o máximo de velocidade, às custas de muita energia externa ao sistema, insumos mecânicos, químicos e agrotóxicos, fazendo assim, com que os recursos do planeta tenham rendimento cada vez maior.

Queremos e precisamos produzir cada vez mais e “melhor”. Com isso, estamos deixando a terra e a Terra sob tensão e estresse crescente, empurrando sempre para adiante seus limites, como se isso fosse possível de forma perene, num planeta finito. Não podemos ficar o tempo todo saltando cercas atleticamente, fugindo de touros bravios, ou virando noites seguidas estudando, pois nosso organismo, por mais saudável ou atlético que seja, tem limites. O planeta também."

autorizado pelo autor.
também publicado em http://www.santa.com.br/




2 comentários:

Anônimo disse...

é, mas Sr. Bacca, há pessoas que não querem nem saber. Querem satisfazer suas necessidades (físicas, psicológicas, e principalmente financeiras, nem se importando se quer com o futuro de seus filhos e netos.
"-Na geração deles, eles que se virem pra resolver seus problemas".

Anônimo disse...

11:30

E assim são mama-tetas que não dão exemplo nenhum aos filhos.