27 de agosto de 2011

LAURO BACCA




Selvagens e domésticos
O Santa tratou quarta-feira de um avanço quanto à preocupação com os animais selvagens ou nativos. O Projeto Fauna Viva da Furb, com patrocínio da Celesc, vai monitorar os acidentes envolvendo bichos que, em contato com a fiação, acabam causando prejuízos com curto-circuitos, podendo morrer ou sofrer sérios danos, como foi o caso do bugio Faísca, no ano passado. Ponto para a Furb, por meio do Cepesb/Projeto Bugio, e ponto para a Celesc, que em vez de ficar simplesmente destruindo ninhos de joão-de-barro nos postes, agora passa a estudar formas inteligentes de convívio de animais nativos com a rede elétrica.

No projeto de duplicação da BR-470, sinal dos tempos, estão previstas passagens de fauna, ou seja, túneis e outras facilidades para que os animais silvestres consigam atravessar aquela rodovia com um mínimo de garantia de sobrevivência, prevenindo pelo menos boa parte dos atropelamentos. Passagens de fauna semelhantes já estão sendo instaladas no Sul do Estado, nas obras de asfaltamento da rodovia que liga a catarinense Praia Grande à gaúcha Cambará do Sul, permitindo confortável acesso a uma das paisagens mais espetaculares do país, devidamente protegidas nos Parques Nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral.

A proteção da fauna propiciada pelos parques nacionais torna-se, portanto, mais efetiva com essas passagens nas proximidades dessas unidades de conservação. Os custos são relativamente pequenos, pois aproveita-se boa parte das drenagens de águas pluviais, adaptadas para que a bicharada silvestre possa passar por elas, atravessando em segurança a rodovia. Os benefícios com a proteção da fauna nativa, que sofre cada vez mais com o avanço da “civilização”, são altamente compensadores. Ganha a natureza, ganha o ecoturismo, ganham todos.

As preocupações com os animais ainda têm de evoluir muito, mas, finalmente, o pontapé inicial está dado. Há de se vencer, porém, uma importante barreira. Os animais domésticos, próximos de nós, contam com a vantagem de ter o sofrimento mais exposto, suscitando a compaixão e o socorro por parte de pessoas e instituições nobres e sensibilizadas que os encontram em situações precárias. É o caso do Sr. Rogério da Silva (Santa, 25/8), que abriga e protege nada menos que 72 cães num galpão ao lado de casa, em Gaspar.

Já os animais selvagens, por serem perseguidos, caçados, muitas vezes atropelados, ficando feridos ou doentes e vindo a sofrer e morrer onde ninguém os vê, estão longe dos nossos olhos e, portanto, infelizmente, longe da maioria dos corações. Proteger os habitats naturais, controlar a caça clandestina, criar corredores ecológicos, passagens de fauna e segurança contra acidentes em eletricidade é o mínimo que devemos fazer por eles."


TAMBÉM PUBLICADO EM: www.santa.com.br
Autorizado pelo autor.

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