14 de agosto de 2011

LAURO BACCA



"Ouçamos os alertas!
Uma pequena nota para um jornal, mas de um gigantesco significado para a comunidade. Assim podemos qualificar as seis linhas do Almanaque do Vale (Santa de quinta feira), lembrando reportagem de 11 de agosto de 1981, em que o botânico e professor Roberto Miguel Klein alertava para a possibilidade de ocorrer em Blumenau uma catástrofe semelhante a que aconteceu em Tubarão, em 1974, “se continuarem os desmatamentos indiscriminados em morros e encostas”. Essa também é, segundo ele, a opinião de outro estudioso do assunto, o professor João José Bigarella, da Universidade Federal do Paraná. Excelente lembrança nesses dias de ameaças de enchentes.

Fui aluno do Dr. Roberto Klein, relação que logo se transformou em amizade e constante aprendizado após minha graduação em História Natural na Furb. Aprendi muito também com o geólogo João José Bigarella, em encontros, conversas e viagens. Seus alertas já vinham ocorrendo desde a enchente de Tubarão. Uma década depois, aconteceram as catastróficas enchentes de 1983 e 1984, período em que o desmatamento comia solto aqui no Vale.

O controle razoável do desmatamento efetivou-se só a partir de 1992, com a proibição de corte da Mata Atlântica, 18 anos ou mais de quatro mandatos eleitorais depois de 1974. Nossas cidades, no entanto, continuaram a crescer desordenadamente. Por isso, não concordo quando ouço alguém dizer que fomos pegos de surpresa na tragédia de 2008. Os alertas de Klein, Bigarella e outros referiam-se à tragédia de Tubarão, caracterizada não apenas por uma grande enchente, mas por inúmeros deslizamentos de encostas, alguns gigantescos, tal qual aqui, bem mais tarde, em 2008. Ao longo dos anos, eventos semelhantes aconteceram em outros estados, o que já seria suficiente para estudos e ações de prevenção eficazes na região.

Não foi o que ocorreu. Ninguém quis assumir o ônus do controle efetivo da ocupação desordenada do solo. Ao contrário e, pior ainda, ocorria a livre instalação de equipamentos e serviços urbanos em locais impróprios, com objetivos eleitoreiros irresponsáveis e criminosos.

Foi preciso a catástrofe de 2008 para este quadro mudar um pouco e finalmente ( bota finalmente nisso!) surgir uma fiscalização que procura coibir a ocupação irregular e dos lugares perigosos. Essa fiscalização precisa ser incrementada ainda mais. E não parar nunca. Muito menos nos períodos eleitorais.

***

Por falar em alerta, mudando de assunto, fui Furb aluno, funcionário e professor por mais de 30 anos. Por isso apoio e reforço o movimento pró Furb federal. Concordo com os demais colegas colunistas do Santa e não vejo alternativa melhor."


Também publicado em www.santa.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Como já citei em outro comentário: temos que se preocupar em preservar a cobertura vegetal dos nossos morros, da mata ciliar aonde ainda existe e não de árvores velhas destruidoras de calçadas que foram feitas para pedestres.Não esqueçendo também do lixo e esgoto que vai para os nossos rios! Querem defender a natureza? Ótimo! Mas sejam mais realistas, estudem , pesquizem mais sobre o assunto antes de escrever bobagens!