28 de agosto de 2011

CESAR ZILLIG



"ESPARTILHOS

Se este país fosse uma democracia de fato, de cabo a rabo, ele seria diferente, teria outra cara, mais sincera. Seus valores e suas prioridades seriam outras e outra seria a realidade, o dia-a-dia. Provavelmente seria melhor, mais justo, mais seguro, mais saudável e culto. Menos corrupto, sobretudo. Muita gente se acha democrática, mas está enganada. Há um teste simples para saber até onde vai o espírito democrático de cada um; basta saber como o indivíduo se posiciona ante alguns tabus: Seria favorável a plebiscitos sobre a pena de morte? Sobre a redução da maioridade? Sobre desarmamento?
Quem é contra a prática da democracia assim direta, imediata, é democrata com ressalvas. Teme a vontade do povo. É um fisiologista. Julga-se acima da maioria.
No Brasil atual alguns assuntos refletem a vontade popular plena. É certo que tal vontade nem sempre é a melhor e nem sempre agrada. A imensa popularidade do Lula é um exemplo. Pousa-se ruim na fotografia, mas é a realidade; nossa realidade. Já a Dilma...
O ilustre colega que anima este espaço aos sábados, Clovis Reis, em seu artigo de 13 de agosto, “Mobilização Popular”, tangenciou o tema ao se referir às novas formas de manifestação popular possibilitadas pelo advento da informática. O fenômeno ainda não tem um nome cristalizado e o Clóvis citou propostas de estudiosos como: sociedade em rede, inteligência coletiva, alquimia das multidões. O Clóvis sugere o termo alquimia coletiva. Há alguns anos, venho falando em “ágora eletrônica”. Falando e escrevendo.
Com o advento e a expansão da rede universal de computadores, a internet, pode-se ir preparando a desmobilização dos “representantes do povo”. Estamos cada vez menos necessitados da intermediação de nossa vontade. Podemos expressar diretamente e a qualquer hora a nossa opinião sobre qualquer coisa. Aliás, com sua “urna eletrônica” o Brasil pode-se arrogar o título de precursor, pioneiro, da ágora eletrônica. Não reconhecer esta iminente mudança de paradigma, é falta de informação e descortino.
Propor, e pior, aumentar o número de parlamentares, é algo tão anacrônico quanto o uso de espartilhos."


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