3 de junho de 2012

LAURO BACCA



"Ânimo, Fritz!


A reabertura do Museu Fritz Müller (Santa, 30 de maio) merece ser comemorada, mas não aplaudida, pois, concordo com o que afirmou Cezar Zillig: essa notícia põe fim ao constrangimento pelo qual a cidade vinha passando. Modesto, Zillig não contou que foi ele que há um mês proferiu palestra sobre Fritz Müller na Universidade em Tübingen, Alemanha, onde também foi aberta exposição itinerante sobre o nosso cientista maior. O assunto mereceu destaque na imprensa de lá, com duas boas reportagens de bom tempo de duração na televisão daquela região.






Tenho acompanhado muito do que aconteceu com o Museu Fritz Müller nos últimos 44 anos. Cada vez mais me convenço de que nosso grande naturalista merece um destaque não apenas municipal ou estadual, mas nacional, com toda certeza e, por que não, até mundial, e justifico: se pedirmos em qualquer lugar do mundo para alguém apontar os cinco maiores cientistas que revolucionaram o conhecimento humano, sempre vai aparecer entre eles o nome de Charles Darwin. E quem foi não apenas um dos maiores colaboradores de Darwin, mas o primeiro que testou com observações ao vivo na natureza, portanto com fatos, e não ideias, a teoria de Darwin? Fritz Müller!

A impressionante produção científica de toda a vida de Fritz Müller já seria suficiente para Blumenau e Santa Catarina honrarem esse ilustre imigrante aqui naturalizado. O fato de ter sido um dos mais conclusivos apoiadores das revolucionárias ideias de Darwin o alça à condição de forte candidato a patrimônio científico da humanidade e os lugares onde nasceu e se formou (Alemanha), fez suas pesquisas e morou (Blumenau e Desterro/Florianópolis) merecem ser devidamente tratados e preservados dentro das melhores técnicas e procedimentos de memória histórica.

A proposta para o museu, feita pelo Instituto Histórico de Blumenau, merece ser analisada e apoiada. O museu que foi a casa do sábio nos seus últimos 30 anos de vida merece ser restaurada conforme as características originais e o terreno idem. Os dois aterros indevidos feitos ao lado e na barranca do rio deveriam ser retirados. O lote original de Fritz Müller, no morro defronte ao Museu, bem como o espaço do lado direito do terreno, mereceriam ser desapropriados e anexados ao patrimônio do Museu.

Todos esses espaços e o acervo deveriam ser devotados unicamente à memória do grande naturalista e sua obra e nada mais. O jardim e as matas do morro poderiam servir de museu topográfico, vivo e dinâmico, contendo espécies e fenômenos por ele estudados. Mesmo assim o espaço seria pouco.

Ainda há tempo de não perder o bonde da história que ameaça se afastar. Ainda há tempo para a Faema e a administração de Blumenau merecerem, de fato, os aplausos.

Parque


O Médio Vale tem o raro privilégio de ter conservado uma amostra do que foram as florestas encontradas pelos colonizadores e estudadas por Fritz Müller – o Parque Nacional da Serra do Itajaí, tema de uma série de reportagens que começa hoje no Santa. Junto com os leitores, estou ansioso para ver!"

Autorizado pelo autor.
Também publicado em: http://www.santa.com.br/





Um comentário:

Anônimo disse...

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