1 de maio de 2011

CESAR ZILLIG



"O PRAZER DE JANELAR

Eu sei, eu sei: o assunto já deu pra bola; mas casamentos são para isto mesmo: para dar o que falar. Embora pretendendo-se moderno e evoluído, o fato é que o mundo mantém velhos hábitos, mediados por novas tecnologias. Hoje se janela através da telinha da TV que permite a milhões, ao mundo todo, espiar o que se passa num evento local, num casamento célebre, por exemplo. As pessoas são as mesmas: querem ver a noiva, seu vestido, observar o noivo, padrinhos, convidados, etc. coisa pra lá de comezinha; matéria prima de conversação ao pé do fogo, da fofoca, um hábito milenar. O que se vê, não apenas suscita comentários, introduz maneirismos, influencia a moda, e altera práticas e protocolos através da imitação, outro hábito atávico; anotem aí: casamentos chiques agora trarão árvores (ou arbustos, dependendo do bolso) para as naves das igrejas, um lance – original, suponho – sacado neste “casamento do século”. (Uma precipitação da mídia; afinal, o século mal começou, havendo espaço de sobra para outros “casamentos do século” eventualmente protagonizados por algum descendente dos donos da festa de hoje).
Sem a intenção, acabei também na janela assistindo alguns lances, talvez os melhores, da festa. A cerimônia coincidiu com o noticiário da manhã que costumo assistir tomando café. Mas infelizmente não pude curtir a festa em paz; não deu para escutar o coral de meninos; ouvir a fanfarra militar, ouvir a homilia, o discurso do irmão da noiva, escutar o bimbalhar magnífico da abadia, nada! Sabe lá o que é ter alguém o tempo todo te cochichando ao ouvido, comentando banalidades? Pois é, aconteceu comigo; aliás, aconteceu com todos os espectadores de TV. As emissoras de televisão, talvez por terem evoluído a partir do rádio, estão acostumadas a narrar tudo, desde campeonatos de fórmula um a todo tipo de disputa atlética; elas têm o cacoete da palavrosidade, de falar e falar sobre as imagens explícitas. Jornalistas, querendo mostrar serviço, muitas vezes comentam o óbvio, falam abobrinhas, e imaginam-se acrescentando, enriquecendo o fato. Uma imagem vale mais que mil palavras; a televisão deveria acreditar, honrar mais este velho ditado. Uma cerimônia destas, cheia de “pompas e circunstâncias” é uma ópera para olhos e ouvidos. Dispensa comentários."

enviado por e-mail - também publicado no Jornal de Santa Catarina.

11 comentários:

Anônimo disse...

Esse tal do casamento real, o que interessa para nós e o povo assiste!
Pra quê?

Ricardo Goerl disse...

RICARDO GOERL
O problema citado acontece via de regra, na quase totalidade de eventos trasmitidos do exterior, ao
vivo. O som original é "abafado" por comentaristas, narradores, palpiteiros,que muitas vezes em seus comentários mostram desconhecer expressões idiomaticas nas suas malfeitas traduções. E também muitas vezes demonstram desconhecer fatos historicos, geograficos e culturais relacionados com o evento. As "traduções" da entrega do Oscar, então são de "chorar em alemão".
Abraços a todos
Ricardo

Anônimo disse...

Alguns não gosta de nada, não é?

Anônimo disse...

Para mim interessa! É só ligar em outras emissoras!
Tem alguns que querem até fazer pauta!

Anônimo disse...

Cada um assiste o que quer! Existe um botão que desliga!

Anônimo disse...

Num país onde um tal de programa "BIG BROTHER" é campeão de audiência até é melhor assistir mesmo casamento real do outro lado do mundo!

Anônimo disse...

Aqui na cidade quando sai o casamento real?

Anônimo disse...

é uma tradição, só isso. Vê quem quer... controle remoto serve pra isso.

Anônimo disse...

O casamento real aqui deve sair ano que vem durante a festa pomerana é o tal casamento típico que ajuda a abrilhantar, a já brilhante festa pomerana e é claro despesas do casamento por conta do povo, esperem e verão.

Anônimo disse...

Duvido que ela encare uma dessa!!!

Se acha de outro nível!

Anônimo disse...

Ela nem pode casar na festa pomerana! já casou uma vez na igreja!