11 de abril de 2011

CEZAR ZILLIG - ARTIGO



Divagações à janela
No meu consultório as janelas são amplas, quase alcançam o chão; do lado de fora há uma platibanda onde canários e pardais vêm em busca do carolo oferecido pela casa. Frequentemente os pássaros motivam comentários por parte de pacientes ou entretêm as crianças que acompanham os pais. Às vezes, aproveito a oportunidade para fazer algumas considerações sobre a vida dos pássaros que, em geral, passam despercebidas pela maioria das pessoas. São reflexões que servem como um parâmetro para a vida que nós, humanos, levamos.

Os pássaros que nos rodeiam, assim como todos os demais animais silvestres, são “top de linha”. A natureza é por demais rigorosa em seus padrões de qualidade; qualquer animalzinho acometido por alguma enfermidade pouco mais severa que uma gripe, ou frature uma asa ou uma perna, é subtraído dentre os viventes. Entre os animais não há a prática de tratar ou alimentar um adulto enfermo. Este é um hábito exclusivamente humano. Também não se trata ou alimenta um indivíduo que não seja mais capaz de prover seu próprio sustento, como é o caso dos idosos. E aqui entra a segunda consideração relevante sobre os animais silvestres de que as pessoas habitualmente nem se dão conta: na natureza não existem animais idosos. A senilidade é um estado promovido pelo ser humano; para si ou para os animais que domestica ou mantém em cativeiro. É oportuno lembrar que entre os animais silvestres ou selvagens não há indivíduos aposentados. Pode parecer absurdo o comentário, mas estamos tão habituados a pensar em termos de velhice e aposentadorias, que não é de admirar que muitos suponham que o canarinho que trila faceiro no fio de luz seja um aposentado festejando sua independência da faina diária.

Há ainda um outro fato que, embora seja a norma no mundo natural, as pessoas costumam ignorar: na natureza não existe animal obeso. A camada de gordura sob a pele em alguns animais que vivem principalmente em climas frios, nos polos etc., é espessa, abundante, mas não é obesidade e sim configura seu perfil normal. Nestes casos a gordura serve como isolante térmico e reserva energética.

Sofrer de doenças crônicas, obesidade e decrepitude são dádivas da civilização.

2 comentários:

Anônimo disse...

Espero que a AMA Bichos, leia o acima!

Anônimo disse...

como dizia um famoso médico que sempre foi contra remédios e medicamentos, com bom repouso e uma alimentação adequada o organismo se restabelece. Vida longa aos que seguem os caminhos da sabedoria e buscam inspiração nas eras de ouro da humanidade!