MANOEL JOAQUIM DA BOSTA - XXVI

"O Conselho Legislativo encontra-se entorpecido nos últimos três anos. Mas com o plebiscito batendo à porta, muitos membros estão em situação difícil. Não tem o que apresentar aos habitantes do reino. Assim encontraram um bode expiatório. Todo ato de violência, de uso de drogas, de delinqüência em geral, recai sobre os menores de dezoito anos. Talvez, por terem os mesmos uma história de vida, na qual a falta de amor, de carinho, de respeito, os deixou amargurados, e assim querem tolher a liberdade de todos. Generalizam, acreditam que todos aqueles, que não tem maioridade, são de má índole, assim querem aprisionar os mesmos, que sejam encarcerados nos seus lares a partir das onze horas da noite. Também não poderão freqüentar um seco e molhado, ou um bar, tendo em vista que não poderão aproximar-se de locais de venda de bebidas alcoólicas, deverão andar com lanche debaixo do braço, não terão direito de comprar um bolinho de carne, não poderão adentrar em qualquer lugar onde exista a venda da tal água que passarinho não bebe. O Monarca deverá sofrer com isso. Não existe mais dim dim real nos cofres públicos, grandes somas são desperdiçadas com os belsicantes, mas se a lei da Carroça da Coleta for aprovada, deverá o Rei, contratar corneteiros, e não serão poucos, tendo em vista que deverão se fazer presentes na côrte e nas províncias, para anunciar o toque de recolher. Poderão os nobres e plebeus dispensar a ampulheta, deverá ser cumprido com rigidez o horário. Não haverá exceções. A lei é para todos. Antes de tirarmos o direito de ir e vir dos miúdos, deverá se pensar em soluções práticas, os mesmos com catorze anos já podem até ter relações sexuais, com adultos, podem com dezesseis votar no plebiscito. Então deveremos ter lei, aonde a maioridade penal também venha com essa idade, e quem não andar na linha, deverá ser jogado nas masmorras. Mas a mobilização esta geral, dificilmente a lei será aprovada, e se o for, o Conselho de Justiça será acionado por alguns nobres e plebeus. Com isso o trio do Conselho, que almeja a reeleição, será ridicularizado. Dois homônimos, oriundis, estão literalmente arrebentando com a côrte, tiram as velhas pedras das ruas, e as recolocam em outro ponto, e vice-versa, modo estranho de mostrar serviço nessas terras maravilhosas e gentis. Ninguém entende o Monarca e os seus de confiança. O reino encontra-se tomado por visitantes estrangeiros, estão aqui para procurar o coelhinho da páscoa. Ele é facilmente encontrado, ao lado da árvore com ovinhos, a sala de negócios da doce e amada é um local privilegiado, lá gira mais dim dim real, do quê na Casa da Moeda do Reino. Assim novamente um brinde com cuba Fidel libre, acompanhado com...ovos de codorna.

M. J. da Bosta"


Obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou acontecimento reais terá sido mera coincidência.