HORÁCIO BRAUN

Hoje faza 5 anos que perdemos o grande Horácio. Lembro que foi eleito bebê Johnson. Dizia que todos chegamos ao mundo iguais: pelados, desdentados e carecas. Meu amigo de infância lá no bairro da Velha (Beco Rodeio), irmão do Rubens, primo do Valdir e do Acácio. Horácio foi quem me incentivou a escrever lá pelos idos de 1963 e mais tarde quando era redator dos jornais Lume e Cidade. Deixou saudades.

Veja a carta de seu filho, publicado hoje no Santa:

"Carta para o barbudão

Olha aqui ó, não é por nada não, mas... Hoje faz cinco anos que você faleceu. Esses anos não foram nada fáceis, mas também não foram tão difíceis quanto poderiam ser. Afinal, você sempre me ensinou a não ser um bundão e a encarar todas as dificuldades de frente.

Se chorei? Com certeza. Se me arrependi de algo? Sim, de não ter dito “eu te amo” mais vezes. Hoje, vejo que você sempre soube o quanto te amava. Se senti saudades? Ainda sinto.

Taí. Grande palavra essa, saudades. Primeiro encarava-a como uma coisa ruim. Desejar estar com alguém e não poder é uma sensação arrebatadora. Com o passar do tempo, comecei a ver que não existe sentimento que melhor descreva amor do que saudade. Porque sentir falta de algo ou de alguém mostra o quanto era – e ainda é – importante para nós. E eu sei também que, apesar de não estarmos juntos agora, pra sempre estaremos unidos.

Ah, só pra avisar: nunca fizemos um velório pra ti, assim como você sempre quis. Sem choradeira de um monte de gente. Só uma cerimônia de cremação comigo, com a minha mãe e alguns amigos. Nada mais justo para alguém cuja vida foi vivida no ritmo da alegria. E pra ser bem sincero, eu nunca vou me lembrar do Horácio Braun jornalista, publicitário, agitador cultural... Só vou me lembrar do Horácio Braun meu pai.

Você nunca foi aquele pai do tipo que aparece nas novelas, todo perfeitinho. Cá entre nós, ainda bem que não foi. Ainda bem que foi do jeito que foi. Ser pai é muito mais do que ser um amigo de fé, um irmão ou um camarada. Pai é aquele em que você pode sempre contar para um conselho ou para um ouvido. É em quem você se espelha em tudo, sem nem saber.

Um dia, eu vou ter orgulho em reunir meus filhos na sala e dizer: “Sabe o vô de vocês? Então, vovô era o cara!” E que me desculpem os outros filhos e os outros pais, mas o meu foi o melhor de todos! Sem mais, nem menos.

Seu filho, Luiz Gabriel Braun"

QUE EM PAZ DESCANSE!