10 de março de 2012
LAURO BACCA
Conforto térmico nas escolas
O Museu da Família Colonial de Blumenau propicia ao visitante não apenas uma noção do que era a vida nos primórdios da colonização. As próprias edificações fazem parte da ambientação do museu histórico. O bom observador perceberá naquelas casas a enorme altura de seu pé direito. O teto está a quatro metros do chão. As janelas, que medem uns 2x1 metros, não apenas são posicionadas na vertical, como ainda dispõem de abas de abertura extras na parte mais alta, padrão comum na maioria das edificações mais antigas.
Sem climatização artificial, as construções do passado, adaptadas ao clima, eram bem mais frescas e agradáveis que as atuais. Com a modernidade da energia elétrica, otimização dos espaços, tentativa de barateamento da construção e outros fatores, esquecemos dessas adaptações, na alegre festa do esbanjamento energético em que se transformou isso que costumamos chamar de civilização moderna. Está quente? Um toque num botão e a agradável aragem do ventilador ou do ar condicionado resolvem pretensamente o problema.
Nas escolas, as salas de aula enchem-se de alunos cheios de energia, cada um produzindo o calor equivalente de uma lâmpada incandescente de 100 Watts, transpirando e suando no verão. Nos prédios escolares mais velhos o pé direito era bem mais alto e o calor interno, além de se acumular lá em cima, longe das cabeças da criançada, escapava mais eficientemente pelas aberturas mais altas das janelas. Na ala mais antiga da Escola Adolfo Konder de Blumenau, ainda se vê uma fileira de elementos vazados bem junto ao teto, por onde pode escapar o ar quente produzido pelas dezenas de alunos, com renovação natural do ar, tornando o ambiente, no mínimo, um pouco mais suportável.
Qual o padrão que vemos em boa parte das escolas hoje? Prédios achatados feito caixa de fósforos (ainda que com teto um pouco mais alto que o padrão residencial) janelas horizontais, falta de aberturas altas para escape do ar quente, telhados nada térmicos, pátios tórridos sem sombra adequada de árvores (quanta dendrofobia, meu Deus!) e, às vezes, paredes externas com cores não brancas, que aquecem ainda mais ao sol. Receita para uma verdadeira estufa de calor infernal.
O conforto do ar condicionado, quando instalado, chega às escolas de forma antieconômica devido à energia extra necessária para vencer o calor das salas-estufa, antiplanetária (haja impacto ambiental de usina elétrica para suprir tudo isso!) e, acima de tudo, antipedagógica, por representar um grande desperdício.
E é assim, dentro desses incoerentes ambientes escolares, que os estudantes ouvem pela primeira vez de algum professor, alguma coisa sobre preservação da natureza e sustentabilidade no uso dos recursos naturais.
AUTORIZADO PELO AUTOR.
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