Pedestrianismo
Dedicado a Francisco Canola Teixeira, in memoriam
Caminhar talvez seja o esporte mais natural para o ser humano. Tudo que ele precisa são de suas pernas e alguma disposição. Nada de equipamentos nem aparelhos sofisticados. Em segundo lugar vem o ciclismo, que permite atingir distâncias mais longas em tempo mais curto que uma caminhada. Embora o ciclista use um aparelho, a bicicleta (em termos energéticos a máquina mais eficiente já inventada pelo homem), toda a fonte de energia que necessita, assim como andar a pé, como se diz popularmente, vem do feijão.
O ciclismo amplia a percepção da paisagem e, se desejável, dos detalhes. O pedestrianismo (o nome não pegou, mas existe), privilegia os detalhes e a paisagem, nessa ordem. Um ciclista pode fazer em média uns 100 km por dia, enquanto o pedestre faz uns 25 ou 30 km, ambos sem necessidade de serem grandes atletas para tal. Umavantagem do pedestre é que ele pode passar por qualquer lugar caminhável por um ser humano, igual ao que nossos ancestrais faziam há muitos e muitos milênios.
Quando se concilia a caminhada com um ambiente natural, a sensação é a de que, mesmo estando em pleno século 21, com todo o acumulado de conhecimentos e tecnologia, experimenta-se, pelo menos parcialmente, a integração primitiva, quase total, com a natureza, com um porém: ao contrário de muitos caçadores, que não conseguem entender a delicada realidade ecológica atual, o caminheiro privilegia a contemplação. Este também pode caçar, mas não matando e sim fotografando. A foto de um animal, bem mais difícil que conseguir que um abate por tiro, e por isso mesmo muito mais meritória, é o seu troféu ecologicamente correto.
Já pedalei muito na minha vida. Depois, com o perdão da turma do grande amigo Wilberto Boos (que também caminha!), mas também por questões físicas, tenho preferido as caminhadas. A mais antiga ONG ambientalista do Estado, a Acaprena, que no próximo dia 5 de maio completa 40 anos, há muito que possui um grupo de caminhadas. No feriado do Dia 1º de Maio, alusivo à expressiva data, a caminhada será, mais uma vez, ao nosso morro mais charmoso, para a qual o leitor está convidado. Nada melhor que contemplar do alto do Spitzkopf, o resultado de uma das mais importantes e demoradas lutas da Acaprena, o Parque Nacional da Serra do Itajaí, hoje uma realidade em plena fase, ainda que lenta, de implantação!
Autorizado pelo autor.
também publicado em: www.santa.com.br
JUSTA HOMENAGEM AO CANOLA!
Um comentário:
Parabéns!
A arte de caminhar, como já dizia Thoureau, o reencontro do caminho do primordial.
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