ÍNDIO CIVILIZADO
Há tempos venho pensando em escrever sobre a questão
indígena e essas brigas intermináveis sobre demarcações das reservas para
remanescentes indígenas. Tenho convicção de este não é o melhor caminho e não
faz sentido algum. O artigo da professora Maria Elis Nunc-Nfoonro (JSC 19/04)
animou-me a finalmente escrever; vejo que ela, descendente de nativos, expressa
uma percepção semelhante a minha ao dizer: ”Bom seria permanecermos índios,
para vivermos tranquilos e felizes. Como isto é impossível, porque já fomos
assaltados, avassalados e desculturados, só resta uma saída: brigar para
construir no futuro uma sociedade de tecnologia muito avançada, mas com o gosto
de viver a cordialidade, o respeito recíproco e a liberdade...”
É isto mesmo. Em 1500 os europeus apareceram por aqui,
encostaram seus bacamartes no peito dos índios e fizeram como os “di menor” com
um 38 em punho: “Perdeu mermão!” Até recentemente prosseguia por aqui o assalto
de que fala a professora Nunc-Nfoonro. Ainda na primeira metade do século vinte
havia bugreiros no sul do estado tentando liquidar os indígenas restantes. É
chocante, vergonhoso, mas é fato. Sempre que na história da humanidade se deu o
encontro de duas culturas, a mais forte – não necessariamente a mais evoluída intelectualmente
– ou escravizou ou destruiu a mais fraca.
A ideia de encurralar os indígenas subsistentes em reservas,
ao que me consta, surgiu nos Estados Unidos. De inicio eram verdadeiros campos
de concentração que aos poucos assumiram ares de indenização pela agressão
sofrida, num arremedo de uma reparação impossível.
Como disse a professora Nunc-Nfoonro “é impossível
permanecermos índios felizes e tranquilos”. The
dream is over. Impossível retornar às origens, à condição de
caçadores-coletores. O correto seria extinguir reservas e urgentemente integrar
a nação indígena à sociedade “civilizada”. Assim como o português, o alemão, o
italiano e todos os demais imigrantes que aqui aportaram estão em processo de
absorção, contribuindo na formação da nação brasileira. Reservas e tutelas só fomentam
a separação, a diferença, mantendo o nativo como uma avis rara, uma aberração social.
A ordem agora é: “brigar para construir uma sociedade de
tecnologia avançada”, palavras de Nunc-Nfoonro.
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