10 de setembro de 2011
LAURO BACCA
"A barragem furada
Escrevendo essas linhas, vou me informando da situação das chuvas e da situação das barragens. Aliás, como voluntário medidor de pluviosidade para a Defesa Civil, também sou fornecedor de dados. Sempre gostei de medir as chuvas, improvisando pluviômetros bem confiáveis com vidros de conserva. Impressiona saber que na Reserva Bugerkopf, no Jordão (que segue um padrão geral para a região), a partir de 2008 só chove acima da média histórica, que gira em torno de 1.600 mm anuais. Foram 2.620 mm em 2008, 2.110 mm em 2009 e 2.310 mm em 2010 (Jordão). Neste molhadíssimo 2011, (interrompi a redação para coletar a chuva) já somamos 2.080 mm até o final da tarde de 8 de setembro, índice atingido em 2008 apenas no próprio dia da tragédia, em 23 de novembro, 76 dias mais tarde!
Com tanta chuva, precisamos de aperfeiçoamento contínuo do processo de convivência com enchentes e suas consequências. Muita coisa já melhorou. O controle das barragens está bem mais aperfeiçoado, principalmente depois que o pessoal se interessou de fato, deixando de ficar sentado em gabinetes na Capital. Um bom exemplo disso foi na última semana: assim que o tempo melhorou, mas com previsão de muita chuva para os dias seguintes, as barragens Sul e Oeste foram rapidamente esvaziadas, recuperando assim grande parte da capacidade de acumulação, o que foi de grande valia para as chuvas desta semana. Não fosse isso, a enchente teria sido ainda pior.
Algo porém me intriga: a Barragem Norte, a maior de todas, que armazena 357 milhões de metros cúbicos de água (mais que o dobro das outras duas barragens somadas), tem a vazão controlada por duas comportas situadas na margem direita do Rio Itajaí do Norte, em José Boiteux. Porém, na margem oposta, há três galerias sem qualquer controle de vazão, por onde escoam as águas do rio no nível normal. Nas enchentes, à medida que o reservatório da barragem enche, a pressão hídrica aumenta e com ela aumenta também a quantidade de água que escapa por baixo da barragem, gerando um apreciável volume sem qualquer outro controle que não o tamanho fixo das três aberturas das galerias.
Desde a “inauguração”, em 1992, a Barragem Norte nunca encheu muito além de metade da capacidade. Não estaria havendo um desperdício de seu potencial de retenção de água? Ainda que atendendo a parâmetros técnicos que devemos respeitar, trata-se de uma barragem furada, vaza sempre. Não sei não, mas tenho cá comigo, que se ali fossem instaladas comportas ou registros de controle, isso iria complementar ainda mais a eficiência do sistema de controle de enchentes pelas barragens, a um custo relativamente baixo, resultando numa melhor e mais confiável proteção para grande parcela da população do Vale, moradores de Ibirama para baixo, Blumenau inclusive."
também publicado em www.santa.com.br
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4 comentários:
o bacca parece gostar de enchente. desde 80 são 38. a gente se acostuma né ? fazer o que né ? tem que limpar de novo né ? pro deputado, o governador e o prefeito a gente aperta a mão né ? cambada de incompetentes. Nós não somos alemães de fato, somos a escória deles, ou o resquicio mínimo deles. Alemães não deixariam isso acontecer 38 vezes em 30 anos.
Bom dia Sr. Bachmann.Muitas redes sociais e blogs positivamente estão ajudando muitas pessoas nesse momento de tantas tragédias. O Sr. está fazendo alguma campanha pra ajudar os desabrigados pelas enchentes? Poderia usar seu blog pra divulgar. Independente de nossa cidade não ter sido quase nada atingida, poderíamos ajudar nossos irmão de Itajaí, Ituporanga, Rio do Sul, Timbó, Rio dos Cedros e Blumenau.
p/10:12
aprendi com meus pais e meus irmãos mais velhos que não devemos alardear nossas ações em benefício do próximo.
No dia a dia ou em situações de tragédia ou calamidade.
Fiz e faço minha parte sem necessitar encher o Sauerkraut de imagens tristes ou de pedidos de qualquer espécie.
22:46 - Corretíssimo!
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