5 de setembro de 2011

CEZAR ZILLIG



"Hering...

Hering mit Sahne! Acordei no meio da noite com uma baita vontade de comer esta apreciada iguaria da cozinha alemã que aprendi a gostar quando por lá morei há mais de 30 anos. De tempos em tempos o refeitório do hospital brindava sua clientela cativa, de jaleco branco, com algum acepipe. Nestes dias, em geral, o grande refeitório lotava, pois o menu era divulgado à boca pequena como uma fofoca que percorria célere corredores, enfermarias, laboratórios, UTIs, centros cirúrgicos etc.

Mas, como ia dizendo, acordei com o tal prato na ideia e com água na boca; pus-me a refletir sobre o assunto: Hering, além de nome da ilustre família de industriais cujos produtos tornam Blumenau conhecida mundo afora, significa arenque, uma espécie de sardinha mais avantajada que as conhecidas por aqui (eis o porque dos dois peixinhos). Em meio àquela vontade toda de comer Hering mit Sahne acompanhada por um caneco de cerveja, fui repassando o que haveria em casa que pudesse arremedar a tal delicatésse. Lembrei de um vidro de rollmops que há muito espera um destes arroubos noturnos quando sou tomado por imperiosa vontade de comer rollmops, ocasiões em que o faço pelos próximos seis meses, comendo quatro ou cinco numa única sentada. Como tinha sido dia de feira, havia também requeijão fresquinho, mas... Hering pede Sahne, nata, e não requeijão. Desci e fui ver o que poderia improvisar; por sorte encontrei uma sobra de nata. Peguei uma travessa e nela fiz uma “caminha” de nata sobre a qual fui deitando os Rollmops (“Rollmops do Vô Augusto”) desenrolados. As cebolas que resultaram do desmonte dos rollmops foram cortadas um pouco menores e depositadas sobre os mesmos. Finalmente nova camada de nata recobria tudo e Voilà: o “Hering mit Sahne” que uma hora atrás não passava de um desejo de mulher grávida era agora realidade. Ficou muito bom, ótimo! Quando já tinha degustado alguns, resolvi acrescentar pimenta e cominho e parece que ficou ainda melhor.

Quem me conhece sabe que não entendo nada de cozinha, infelizmente. No entanto, tenho comigo que inventei um prato – ou novo uso para os acres rollmops – no meio da noite; assim como um profeta que em meio a sonhos recebe uma revelação."

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Obs. O Dr Zillig está na Turquia, a passeio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito gostoso!