30 de julho de 2011



"Arborização pública

Diante da brutalidade com que tratamos nossa arborização pública, que tal uma lei que impeça que as árvores sirvam de poste para qualquer fim? E que proíba as empresas de distribuição elétrica e de telefonia de cortarem ou podarem os galhos das árvores? Ou ainda que determine que os fios elétricos e telefônicos sejam instalados a uma altura razoável para não prejudicar o livre desenvolvimento das árvores, tornando desnecessária a poda drástica e mutiladora, uma cena deplorável presente no nosso dia a dia urbano?

Tal lei, condizente com os modernos esforços de harmonização da qualidade ambiental com a crescente urbanização em nossas vidas, parece bem moderna, coisa de século 21. Não é. Ela existe e data do longínquo ano de 1939, uma espécie de Código de Posturas de Blumenau da época. Caso não esteja em vigor, mereceria pelo menos ter os princípios revividos e atualizados.

A questão da arborização pública em nossa cidade, uma verdadeira vergonha, entra ano e sai ano, entra década e sai década e até século, nunca chegou a um bom termo. O assunto agora volta à discussão, com a proposta do decreto (ainda com redação por melhorar) que dispõe sobre as diretrizes para elaboração do Plano de Arborização Urbana no Município de Blumenau.

Temos aí ótima oportunidade de ser menos “dendrófobos” e mais “dendrófilos”, a exemplo do que já era a incrível lei de 1939, que procurava adaptar os equipamentos urbanos às árvores e não o contrário, como tem acontecido. Atualmente, entre fios elétricos e árvores, optamos por trucidar e eliminar árvores, enquanto consideramos os fios intocáveis. Esse exemplo ilustra como o crescimento urbano ignorou a importância da presença de árvores e outras formas de vegetação em Blumenau. Ao invés de serem bem tratadas, protegidas e veneradas, são consideradas mais como estorvo. Por qualquer motivo, elas são cortadas, mesmo sob um discutível licenciamento ambiental. Por isso, está mais que na hora de termos uma legislação que corrija tamanha estupidez, mas com vontade política de ser aplicável.

Há muito tempo defendemos que nossos municípios tenham equipes especializadas e motivadas, com prática em dendrocirurgia, um novo tipo de profissional nos quadros do órgão ambiental da prefeitura, como já existe há décadas em países como a Alemanha. Estes profissionais, uma vez treinados e equipados, somados à fiscalização, garantiriam a aplicação da lei. Para evitar mutilações e podas desnecessárias ou mal feitas, nenhuma árvore pública poderia ser tocada sem a presença destes técnicos. Por serem pequenas, estas equipes não onerariam os cofres públicos e evitariam outras despesas. Os custos seriam baixíssimos perto dos benefícios altamente compensadores, em forma de qualidade de vida, harmonia paisagística, redução de enxurradas e bem estar psicossocial de toda a comunidade."

MUITO OPORTUNO!!!

TAMBÉM PUBLICADO EM: www.santa.com.br

Um comentário:

Professora Vera disse...

Parece que os problemas com árvores não são exlusividade de Pomerode. Pena que em nossa cidade as autoridades poderiam ter tratados o caso das podas de forma diferente e assim ser reconhecida pelo ato.