MANOEL JOAQUIM DA BOSTA - LVI

As enaltecidas e alardeadas vassouras de palha e cipó escafederam. Foram significativas nessa luta por mudanças. Mas o povo gostaria de saber dos republicanos, se a mesma foi surrupiada, escondida, queimada, ou tão somente guardada para a hora certa. Trazem dúvidas o desaparecimento das mesmas, teriam sido elas somente utilizadas como símbolo para arregimentar votos favoráveis. Muitos populares estão ressabiados. Alguns já começam a acreditar que foram enganados. A esperança permanece que sejam empregadas. E nesse momento, sejam utilizadas do modo correto, ou seja, que varram de dentro para fora, e não vice-versa. Em relação a sumiço, também esvaneceram muitos candidatos que não conseguiram se eleger para o Conselho Legislativo. Não se vê mais o Zé, sim, aquele o Mané, nem tampouco a Sucuri gordinha, e muitos mais. A nossa famosa serpente, a Charaka, também não foi mais vista, sabe que a alimentação dela não está mais garantida lá pelas bandas do Paço Real, ou melhor, no futuro Palácio Presidencial. O Monarca há tempos tinha eliminado a criação de camundongos, mas sempre uma migalha estava a lhe aguardar. Somente ainda não chegou à hora de muitos beliscantes desaparecerem. Mas na entrada do ano novo, muitos já estarão desempregados, a lei exige do Monarca que proceda a exoneração destes. Os fogos de artifício, prática comum de anunciar a chegada do ano novo, também será a anunciação de desemprego para muitos. Assim muitas lágrimas serão de alegria com a chegada, e outras tantas de tristeza. Preocupação também traz a possível invasão de ciganos no próximo ano. Mas somente acontecerá se souberem que adorador dos serviços deles, possivelmente terá um cargo de beliscante. Espera-se que isso não aconteça, poucos gostam de dar as mãos para ler a sorte, ou até contar com esses serviços para duplicar o seu suado dim dim. Normalmente esses serviços são uma farsa, mas alguns miolos moles caem na conversa. Aliás, quem entra no conto do vigário, será que tem maturidade para assumir algum cargo no Palácio Presidencial. Quem está mais que maduro para auxiliar o Presidente eleito, é o Doutor em advocacia, aquele de estirpe e conhecimentos. Pessoa íntegra, um grande batalhador. Ainda púbere já não tinha medo de trabalho. E assim foi traçando o seu caminho, estudar, trabalhar, e cada vez mais procurar nos estudos um futuro melhor. Nesta jornada encontrou ainda o que muitos procuram e não acham que é o amor. Assim mais instigado, junto com a sua companheira e futura esposa, trilhou os caminhos das pedras. Assim conseguiu emprego junto ao serviço público através dos seus conhecimentos, no qual não mediu esforços por mais de quatorze anos. Não satisfeito, foi realizar o seu sonho de ser doutor. Como nunca abandonou essas terras maravilhosas e gentis, sendo o mesmo nato desse país, o nosso querido nato, auxiliou nesse desejo de mudanças, foi importantíssimo no período plebisciteiro, não deixou que rábulas melassem o intento. Assim terá muito trabalho no ano vindouro. Não se tem dúvidas em relação a sua honestidade e força de vontade. São desses que Nicoro necessita ao seu lado. Estou com vontade de petiscar, assim vou servir-me de alguns...ovos de codorna.

M. J. Da Bosta

Obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou acontecimentos reais terá sido mera coincidência.