25 de março de 2013

CEZAR ZILLIG



INVOLUÇÃO DO AUTOMÓVEL?

Os seres vivos coevoluiram interagindo entre si e com o meio ambiente. As flores existem para atrair abelhas que lhes fecundam e asseguram a perpetuação da espécie. Abelhas, por sua vez, existem porque há flores que lhes oferecem néctar, alimento que lhes assegura sua subsistência e, por conseguinte, da espécie. Um dos pioneiros no reconhecimento desta interdependência foi Hermann Müller, irmão caçula de Fritz Müller e igualmente correspondente e colaborador de Charles Darwin.
Este artigo, no entanto, não pretende divagar sobre fascínios da natureza, e nem admirar a obra magnífica dos irmãos Müller. Pretende-se demonstrar mais uma semelhança entre o ambiente natural com o ambiente artificial, criado pela moderna sociedade humana, dita civilizada. (Artificial em termos, pois filosoficamente toda criação humana não passa de mais uma manifestação da natureza; um Airbus A380 é tão natural quanto um cupinzeiro. Este construído pelos térmitas e aquele pelo Homo sapiens).
Assim como abelhas e flores, estradas e veículos coevoluiram. Estradas só surgiram após a invenção da roda. Em sua evolução, a roda resultou numa Ferrari, por exemplo, agregação de milhares de pequenas adaptações que fazem dela dos mais eficientes meios de locomoção conhecidos. As auto pistas, representam a forma mais evoluída de estradas. Uma Ferrari em meio à floresta amazônica talvez servisse como abrigo e só. Em meio aos sufocantes engarrafamentos dos últimos tempos, uma Ferrari tem cada vez menos oportunidade de exibir suas virtudes. Ocorre uma involução. No final da tarde, minhas pernas estão me levando mais rápido para casa que meu carro está conseguindo fazer. A pé cubro a distância em 25 minutos, de carro tenho levado o dobro deste tempo. A pé sigo descontraído, faço um passeio; de carro é um distress só, me sinto preso numa arapuca, vulnerável. Sinto-me um pouco trouxa, na verdade.
Quando o cenário muda, os bichos, as plantas, mudam; buscam outras soluções. A biologia, a paleontologia, tem constatado este fenômeno no decorrer das eras. O trânsito nas cidades, principalmente nas brasileiras, está mudando, estagnando graças ao elevado número de veículos. Em meio a um engarrafamento uma Ferrari pode menos que uma bicicleta.
Falando nisto, estou pensando e me adaptar a esta recente mudança ambiental e me deslocar de Bike. Verdade.

enviado por e-mail
tambéwm publicado em: www.santa.com.br 

Um comentário:

Rogério Mello disse...

WERR BACHMANN digitou:
"Em meio aos sufocantes engarrafamentos dos últimos tempos, uma Ferrari tem cada vez menos oportunidade de exibir suas virtudes. Ocorre uma involução. No final da tarde, minhas pernas estão me levando mais rápido para casa que meu carro está conseguindo fazer. A pé cubro a distância em 25 minutos, de carro tenho levado o dobro deste tempo. A pé sigo descontraído, faço um passeio; de carro é um distress só, me sinto preso numa arapuca, vulnerável. Sinto-me um pouco trouxa, na verdade.
Quando o cenário muda, os bichos, as plantas, mudam; buscam outras soluções. A biologia, a paleontologia, tem constatado este fenômeno no decorrer das eras. O trânsito nas cidades, principalmente nas brasileiras, está mudando, estagnando graças ao elevado número de veículos. Em meio a um engarrafamento uma Ferrari pode menos que uma bicicleta.
Falando nisto, estou pensando e me adaptar a esta recente mudança ambiental e me deslocar de Bike. Verdade."

ROGÉRIO MELLO responde:
Ótimas palavras.
Durante esta semana estava falando com uma amiga na academia sobre esta dualidade carro x bicicleta. Pois ela adora andar de bicicleta. Vico em uma cidade com mais de 400 mil habitantes, onde o carro eh (AINDA!) visto como simbolo de status. Onde vejo diariamente alunos da academia, que moram a 2 quadras dali, virem de carro ou de moto. (??!!).
No Brasil, ainda se engatinha nos aspectos relacionados ao INCONSCIENTE COLETIVO. Eh tudo muito prematuro, ainda estamos ligados a convenção de "seguir modinhas" impostas por celebridades televisivas (que eu chamo de pseudo-celebridades) e muita gente acaba reproduzindo atitudes e "conselhos" destas (sobretudo os jovens), que por sua vez, acabam se tornando palavras de ordem para as muitas cabecinhas de porcelana existentes nesta nação.
Como relatado, andar a pé em um dia agradável possui inúmeras vantagens. E, em distâncias mais consideráveis, a bicicleta mostra a sua eficiência diante dos 4 eixos. Muitas nações mais avançadas socialmente situadas na Oceania, America do Norte, Oriente e muitas outras da Europa, nos mostram isso. A bicicleta não eh sinônimo de status negativo, e sim sinônimo de SAÚDE, PRESERVAÇÃO DA NATUREZA, DE INTELIGÊNCIA e mais. Em geral, essas sociedades jah passaram a seculos pelo estagio pela qual o Brasil passa, que ainda engatinha existencialmente ao considerar que o fato de ter um "CARRÃO" (ou mais) e/ou uma moto de "1100 CILINDRADAS" corresponde a poder, status, influência e etc. Infelizmente esta eh a nossa realidade.
No entanto, quando se esta em um carro, realmente a pessoa se encontra em uma arapuca.
E mesmo que eu ainda não tenha cansado de "juntar pedaços, tripas, membros desfigurados e cabeças descerebradas" de diversas pessoas em suas "arapucas potentes e muito bem conceituadas entre a gurizada e entre a mulherada", pelas ambulâncias da vida, confesso que se faz muito mais vantajoso andar de bicicleta (principalmente nas cidades menores, notadamente as mais saudáveis do globo), tomando cuidado com as "arapucas" que vai e vem, evidentemente.
Grande abraço.
RM.