20 de março de 2013

CEZAR ZILLIG


ANASTOMOSES VIÁRIAS

Uma cidade é um organismo vivo e como tal cresce, atinge seu auge e morre. Adoece também. Organismos doentes apelam para soluções próprias; a medicina constata isto diariamente.
Quando o sistema venoso profundo das pernas por alguma razão não consegue encaminhar o sangue destinado ao coração, o “trânsito” sanguíneo em seu interior alentece. Nestes casos, o sangue congestionado procura caminhos vicinais para contornar o obstáculo; com o tempo e face à demanda, estes caminhos alternativos se dilatam, resultando nas conhecidas varizes. Em medicina isto é pomposamente denominado de “circulação vicariante”.
Anastomose é outro termo anatômico aplicável às cidades; significa unir, boca a boca, dois vasos sanguíneos.
A tão decantada ponte que se pretende lançar no centro de Blumenau, nada mais será do que fazer uma anastomose entre o sistema viário central e o sistema viário da Ponta Aguda. Mais uma anastomose, visto já existirem outras pontes que, porém, já não dão conta do fluxo de trânsito em rápido aumento de volume. (Blumenau, com cerca de 300.000 habitantes, está com 230.000 veículos!)
A administração municipal deve envidar esforços para criar no centro e nos subúrbios o maior número possível de “circulações vicariantes”.
Embora resida aqui há 35 anos, confesso conhecer pouco dos intrincados caminhos que se distribuem por estes fundos de vales e montanhas. Mesmo assim, já ouvi falar muito da possível ligação do Garcia com a Velha, uma prioridade. Um amigo me disse recentemente, já existir uma precária via, no momento interditada, que através das ruas Bruno Ruediger e Willi Henkels, faz a ligação entre estes dois populosos bairros. Eis, portanto um caminho a ser urgentemente estudado e estabelecido.
Conheço a estrada rural que seguindo pela rua Pastor Oswald Hesse, passando pelo morro da Garuva, vai dar na rua da Glória. Embora sendo um trecho longo, uma estrada bem pavimentada retiraria do sufoco da rua Amazonas muitos veículos com destino ao alto Garcia. Pela rua Araranguá, também há um acesso ao início do Garcia. Seriam algumas das “anastomoses” a serem estudadas.
No entanto, a continuar assim, estas seriam soluções temporárias, rapidamente superáveis.
Ressalve-se que os congestionamentos decorrem também do deficiente sistema de transporte coletivo, subdimensionado e insatisfatório. Há que se exigir mais, muito mais, dos detentores destas concessões.

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