ANASTOMOSES
VIÁRIAS
Uma
cidade é um organismo vivo e como tal cresce, atinge seu auge e morre. Adoece
também. Organismos doentes apelam para soluções próprias; a medicina constata
isto diariamente.
Quando
o sistema venoso profundo das pernas por alguma razão não consegue encaminhar o
sangue destinado ao coração, o “trânsito” sanguíneo em seu interior alentece.
Nestes casos, o sangue congestionado procura caminhos vicinais para contornar o
obstáculo; com o tempo e face à demanda, estes caminhos alternativos se
dilatam, resultando nas conhecidas varizes. Em medicina isto é pomposamente denominado
de “circulação vicariante”.
Anastomose
é outro termo anatômico aplicável às cidades; significa unir, boca a boca, dois
vasos sanguíneos.
A
tão decantada ponte que se pretende lançar no centro de Blumenau, nada mais será
do que fazer uma anastomose entre o sistema viário central e o sistema viário
da Ponta Aguda. Mais uma anastomose, visto já existirem outras pontes que,
porém, já não dão conta do fluxo de trânsito em rápido aumento de volume.
(Blumenau, com cerca de 300.000 habitantes, está com 230.000 veículos!)
A
administração municipal deve envidar esforços para criar no centro e nos subúrbios
o maior número possível de “circulações vicariantes”.
Embora
resida aqui há 35 anos, confesso conhecer pouco dos intrincados caminhos que se
distribuem por estes fundos de vales e montanhas. Mesmo assim, já ouvi falar
muito da possível ligação do Garcia com a Velha, uma prioridade. Um amigo me
disse recentemente, já existir uma precária via, no momento interditada, que
através das ruas Bruno Ruediger e Willi Henkels, faz a ligação entre estes dois
populosos bairros. Eis, portanto um caminho a ser urgentemente estudado e
estabelecido.
Conheço
a estrada rural que seguindo pela rua Pastor Oswald Hesse, passando pelo morro
da Garuva, vai dar na rua da Glória. Embora sendo um trecho longo, uma estrada
bem pavimentada retiraria do sufoco da rua Amazonas muitos veículos com destino
ao alto Garcia. Pela rua Araranguá, também há um acesso ao início do Garcia. Seriam
algumas das “anastomoses” a serem estudadas.
No
entanto, a continuar assim, estas seriam soluções temporárias, rapidamente
superáveis.
Ressalve-se que os congestionamentos decorrem também do deficiente
sistema de transporte coletivo, subdimensionado e insatisfatório. Há que se
exigir mais, muito mais, dos detentores destas concessões.
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