MANOEL JOAQUIM DA BOSTA XIX

O calor nessas terras maravilhosas e gentis está insuportável em alguns dias. Ao menos temos um leve frescor às noites, trazido com breves chuvas de verão. Os abutres e urubus sobrevoam a côrte. Os habitantes abismados, sendo que nunca antes tivemos tal invasão dessas aves, foram investigar. Voam em círculos, sobre a Casa do Conselho Legislativo. O cheiro de podridão que exala daquele local as seduz. Mas, não são culpados todos os membros dessa casa, desse cheiro fétido, nauseante, de definhamento de corpos. Mas comentam os nobres e plebeus, que são dois mortos-vivos, membros do conselho, que produzem esse fedor. Além de federem, também fede para eles as suas situações junto ao Conselho de Justiça. Aliás, não gostaram que o messias revoltoso, junto com alguns nobres e maioria dos plebeus, que colocaram os em voga nos panfletos, que são distribuídos com mais eficácia e cada vez mais lidos. Os habitantes querem saber as verdades, que são somente encontradas nesses panfletos, azedos para os mesmos. Se os habitantes dependessem somente do Semanário do Reino, que é mantido com o dim dim espoliado da população, nada se saberia, que fosse útil para o dia do plebiscito, para que possa-se tomar uma decisão sobre o voto. Mas os panfletos estão a mil. O Monarca não decreta a abertura de caça aos animais peçonhentos, assim novamente alguns nobres e a maioria dos plebeus, se juntaram, mas agora sem os seus utensílios de trabalho, notaram que melhor é o porrete, muito mais eficiente. A caça não é somente para pegar a charaka, mas a sucuri gordinha, também o será. Alguns torcem para que as peçonhentas engulam o messias revoltoso, mas outros acreditam que isso o transformaria em mártir. Assim muitos acham que, deverá sim, ser caçadas, presas, e depois o uso do porrete. Mas deverão se prevenir, a cabeça deverá ser achatada, sem possibilidades de sobrevivência. O Rei com tudo que está a acontecer no reino, não se arisca em público, alimentar as serpentes. O Monarca vislumbra muitas dificuldades no intento de ganho no dia do plebiscito. Assim, esta a fazer algumas obrinhas, tanto na côrte, como nas províncias. Mas os habitantes estão calejados, não acreditam mais nessa estratégia. Melhores dias deverão estar a chegar. Não tem como esse povo maravilhoso e gentil, ter que sofrer para sempre. Nenhum Deus, o assim quer, talvez também conspire para os dias melhores. Temos vários exemplos na história da humanidade, sobre os castigos aplicados a aqueles que querem ser um falso Deus. Estou a prevenir-me, faço diariamente as minhas orações, para que seja perdoado, assim já me arrependi de todos os meus pecados. Quero somente uma vida tranqüila e sossegada ao lado da minha doce e amada. Para isso mantenho a minha saúde em dia, reforço isso com muitos...ovos de codorna.

M. J. da Bosta

Obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou acontecimentos reais terá sido mera coincidência.



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