18 de fevereiro de 2012

LAURO BACCA


Antes que a Rússia acabe
Como não se observam ações mais efetivas e concretas, sou obrigado a insistir no assunto Nova Rússia. Temos tudo o que precisamos para garantir em perpetuidade o “status” de paraíso natural da Nova Rússia, um charmoso vale cercado por todos os lados pelo Parque Nacional da Serra do Itajaí, exceto uma estreita faixa que a liga à cidade. Se a parte mais difícil, que é a garantia da qualidade das nascentes, está praticamente assegurada pela preservação das florestas do Parque Nacional, por que não se enfrenta de vez os problemas ambientais da Nova Rússia? Por que permitir que esgoto, lixo, descaracterização da paisagem, construções irregulares de moradores e de sitiantes, adensamento populacional e barulho de visitantes mal educados passem a dominar o local assim que o Garcia deixa o limite do parque? Por que não prevenir, para não lamentar depois?

O leitor Maicon Jean Krutzsch, num desabafo enviado à coluna, sintetizou tão bem a situação, que, por pertinente, reproduzo abaixo:

“Sou nascido em Blumenau, tenho 35 anos, cresci no Bairro Fortaleza, onde tive a oportunidade de conhecer ribeirões ‘quase limpos’, com piavas, carás e jundiás, porém já assoreados e com menor vazão. Meu bisavô contava histórias sobre enormes traíras que pegavam nesse mesmo ribeirão, em remansos com três metros de profundidade. Tenho uma filha de 9 anos e tudo o que resta a ela são histórias, pois o mesmo ribeirão hoje não passa de um esgoto fétido e morto, uma vergonha.

Como sou uma pessoa que ama de coração Blumenau e suas matas, passeio muito pela região e posso afirmar que a Nova Rússia pode ser considerada o último refúgio de águas cristalinas do Vale. Na região de Belchior (Gaspar) e Baú (Ilhota), não temos mais ribeirões limpos. Na região do Encano, a água não tem a mesma qualidade.

Mas, na Nova Rússia, fico decepcionado com o que vejo:

- Jovens se embebedando e jogando lixo no ribeirão e nas margens;

- Farofeiros sujam tudo e fazem suas necessidades por ali mesmo;

- Pessoas pescando;

- Motoqueiros malucos andando a toda;

- Maconheiros, nem se fala, tem de monte.

Volto a frisar que é uma questão de amor, consciência e respeito. Fiquei chocado quando vi que construíram aquele condomínio Morada das Nascentes para os “atingidos” da tragédia ali no Progresso. Infelizmente, o local não merecia isto, foi mancada da prefeitura. Acredito que as pessoas devam ter acesso à natureza e que devam mostrar a seus filhos a maravilhosa e exuberante Mata Atlântica que temos, porém, com restrições, treinamentos, palestras. Para frequentar nosso último refúgio, deveríamos literalmente ter uma carteirinha.”

Me resta assinar embaixo, junto com o Maicon. Precisa dizer mais?


Autorizado pelo autor.
Também publicado em: www.santa.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse é o famoso poder público!
Mais podre que todos os esgotos juntos!!!