
Tributo a um herói
O santo, ou herói, ou mártir, ofende e humilha os demais. Nelson Rodrigues
Numa madrugada, você e um amigo retornam tranquilos para casa quando topam com uma arruaça: cinco marmanjos se divertem massacrando um mendigo. E agora? Quer queira, quer não, você e seu amigo já estarão moralmente envolvidos e terão que se posicionar.
Eu, provavelmente teria passado rapidinho e ao largo, ou teria feito meia volta; teria arrepiado carreira em primeiro lugar. Uma vez em segurança, acionaria a polícia. Com celular é fácil. Imagino que 99% das pessoas fariam o mesmo. Ou me iludo com estes números para apaziguar minha pusilanimidade? Pusilanimidade ou bom-senso?
No dia 2, quinta-feira passada, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, o jovem Vitor Suarez Cunha, 22 anos, foi confrontado na vida real com semelhante quadro. E surpreendentemente fez o que apenas 1% das pessoas fariam: procurou interceder em favor do mendigo. Rogou compaixão à canalha. Pra quê! Pagou caro pela ousadia, por ter demonstrado uma coragem incomum a um bando de covardes. A súcia esqueceu do mendigo e adotou Vitor como caixa de pancadas. Recebeu uma saraivada de socos e pontapés principalmente no rosto, ocasionando múltiplas fraturas. Tudo desferido por cinco saudáveis jovens da classe média alta...
Os olhares de toda a nação precisam se voltar para Vitor Suarez Cunha, que demonstrou possuir o que o ser humano tem de melhor: compaixão, otimismo, coragem. Compaixão pelo pobre morador de rua a ponto de assumir sua anônima e desvalida causa. Otimismo suficiente para acreditar que encontraria algum resquício de consciência no âmago dos brutos, que conseguiria demovê-los da selvageria. Relutou admitir que um homem pudesse se comprazer com a dor de outro homem. Sua coragem é indiscutível: enfrentou aquelas feras com a altivez de um toureiro.
Episódios como este, nem tão raros, são perturbadores; revelam a precariedade da pretensa “civilidade”. Não obstante, é edificante saber da existência de pessoas dispostas antes a se sacrificarem a admitir a vileza no coração humano. A estes chamamos santos, chamamos heróis.
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2 comentários:
Esta ficando banal, de se encontrar esses jovens de classe média alta,sem o quê fazer, ou fazer de útil, aí atacam o quê lhes vem a frente.
Também o quê devem aprender em casa?
Aqui em Pomerode temos medo dos exemplos de alguns professores e dos políticos em geral.
Em um país onde se idolatram,BBB`s, políticos que pegam um país com a economia estabilizada e chamam para si o mérito,uma mídia voltada para o emburrecimento do povo,vendida e mal intencionada,onde bancos fazem o que querem,cobram quanto querem e despejam quem quiserem,onde prefeituras tem a pachorra de cobrar reajustes no IPTU por serviços que não prestam,onde os cabides de emprego proliferam na mesma proporção das tetas criadas para que eles se divirtam,uma pessoa que põe a vida em risco para defender um simples mendigo(mas um ser humano como eu e vocês,portanto merecedor de respeito),realmente é um herói!
Quantos de nós teríamos a mesma atitude?
Quantos de nós sairíamos da zona de conforto para interceder a favor de alguém que nem sequer conhecemos?
Quando foi que nos tornamos egoístas e prepotentes a ponto de achar que uma pessoa com menos poder aquisitivo que o nosso não merece respeito?
Parabéns a este estudante que faz com que possamos sentir que nem tudo está perdido!
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