29 de julho de 2012

MANOEL JOAQUIM DA BOSTA XLIII


O Messias revoltoso foi visto à beira de lago existente em sua propriedade. Estava colhendo a planta cyperus giganteus, planta essa com semelhanças ao cuperus papyrus, o papiro verdadeiro, precursor do papel. Após anos e anos de muita destruição da natureza no reino. A nossa produção de papel não é suficiente para suprimir as necessidades. Também em virtude de problemas na balança comercial do reino, decreto real majora alíquota de impostos na importação do mesmo. Mas a população acredita tratar-se de problemas nas reservas monetárias. Os gastos nos últimos anos foram extremados. O tesouro real encontra-se zerado. Assim o pouco papel produzido é direcionado ao Semanário do Reino e ao jornal A Côrte. O Messias procura solução para esse desabastecimento. As suas experimentações não deverão ter êxito. Mas com certeza não haverá desistência na procura de uma solução para o problema. Tem a estudar os modos possíveis, para novamente entrar em circulação os seus panfletos, os vulgos Repolhos Azedos. Alguns nobres e a maioria dos plebeus sentem falta destes. Não tem como conseguir certas informações, a não ser nos panfletos. Deverão em breve dar o ar de sua graça. Essa falta de papel é com certeza uma mordaça na livre expressão do pensamento. Em época de plebiscito tudo é uma surpresa. Muitos novamente estão se precavendo. Assim os ferreiros do reino estão lucrando, as velhas fechaduras e ferrolhos mais uma vez estão em manutenção. Toda precaução é pouca dos oposicionistas, ou melhor, para os republicanos e os revolucionários de bandeira vermelha. Os embates deverão ficar fervorosos. Existe por parte da situação uma efervescência, aliada a hipnose nos ideais de perpetuar a sua proximidade com as burras cheias de dim dim real. Os beliscantes aspirantes a vaga no conselho legislativo, estes com alto grau de hipnose, somente aguardam seu retorno em ano vindouro para a sua tão apreciada teta. Tem ciência que mesmo sem conquista de vaga, poderão continuar com suas benesses, se não haver mudanças no reino. Com o retorno da chuva, as galochas novamente saem dos campos e invadem a Côrte. Nova remessa esta disponível nos melhores secos e molhados. Invadem com modelagem mais fashion, mais agradáveis ao olhar. Enormes crateras assolam a região do reino, mas mesmo assim muitos comentam que nunca gostaram tanto de tempos de chuva. Também o desassoreamento feito nos últimos meses não consegue resolver o problema de alagamento de ruas, até casas novamente foram atingidas pelas águas. Mas com toda essa problemática, muitos torcem que a chuva se estenda até o fatídico dia. O Rei compareceu a baile na província, comentam que esteve presente em dois numa só noite. Não se mostrou muito pé de valsa. Mas engana. Serei mais breve hoje, as mãos estão trêmulas. Assim vou descansar, mas antes me servirei de alguns...ovos de codorna.

M. J Da Bosta

Obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou acontecimentos reais terá sido mera coincidência.


3 comentários:

Anônimo disse...

Nada melhor que ler o Manoel no Sauerkraut!

Anônimo disse...

Manoel não perde a oportunidade, de sempre escrever algo interessante.

Anônimo disse...

Pelo jeito as experimentações do Messias deram certo.