23 de julho de 2012

CEZAR ZILLIG

"Opção ignorância
Tempos atrás, topei aqui mesmo em Blumenau com um adesivo num carro dizendo, em inglês: “Se achas caro educar, experimente a ignorância”. O Brasil dos últimos tempos parece vir sistematicamente optando pela ignorância. A ignorância tem constado em programas de governos e reflete-se amplamente até na legislação.
Repete-se à exaustão, da boca para fora, que o importante é educar. Correto. Educação é sinônimo de prioridade sempre. Não basta apenas priorizar educação; há que simultaneamente se execrar a ignorância e denunciá-la em altos brados onde quer que apareça, não importando que aparência adote.
Conviver resignadamente com a ignorância, com ela comungar como se faz tacitamente por aqui, é orbitar seu primeiro círculo.
Ignorantes não devem sentir-se à vontade no seio de uma sociedade sadia. Sempre que se tolera a ignorância e ignorantes, passando-lhes a mão na cabeça, contribui-se para que esta praga se alastre. Discriminar a ignorância, torná-la incômoda, é o primeiro passo para extingui-la. Talvez seja a única forma de justificado preconceito. Ignorante tem que sentir-se mal. Ignorantes acham que estão “abafando” com suas bobices.
  • A ignorância assume as mais variadas formas, dissimula bem, sendo por vezes sedutora, mas em geral é facilmente identificável. A ignorância pode ser pressentida de longe, pois é barulhenta, saliente, incômoda. Por exemplo: só ignorantes explodem rojões, circulam com escapamentos abertos, andam em carrinhos de som, fazem alaridos na madrugada.

    É a ignorância que desrespeita a autoridade dos mestres e adula pupilos indisciplinados. A ignorância não valoriza o trabalho dos professores, mas gratifica regiamente funções menos essenciais. Por exemplo, é ignorância remunerar cargos eletivos acima do que percebe a média dos eleitores. É ignorância supor que ocupantes de cargos eletivos sejam uma espécie de nobreza, uma casta superior. É ignorância exagerar direitos e não cobrar deveres. É ignorância se satisfazer com o cumprimento de leis que não resultam em justiça. Ou dito de outra maneira: é ignorância apenas cumprir leis e não ver diminuir a impunidade. Ignorante é a lei que confunde bandidos com inocentes crianças.

    É ignorân... chegou o limite de 2.300 caracteres. Aliás, é ingenuidade querer esgotar o assunto ao se tratar de ignorância no Brasil.



    enviado por e-mail.
    também publicado em:www.santa.com.br 


2 comentários:

Anônimo disse...

Serve para a fase atual aqui da cidade.

Anônimo disse...

ignorância que permite tirar a vida, e por aí vai...