MANOEL JOAQUIM DA BOSTA - XXI

A côrte e províncias estão com aparência de abandono. O Monarca e seus aliados, que somente beliscam, não conseguem colocar em ordem as ruas, ruelas e estradas do Reino. Na côrte, ainda se faz uma pequena maquiagem, para que os habitantes tenham uma falsa sensação de ordem, de continuidade nos serviços. Mas nas províncias nem isso conseguem mais fazer. O Conselho de Obras esta inoperante. As estradas estão intransitáveis, os pontilhões estão a ruir. A vida da população em alguns casos corre sério risco de vida. As carroças que transportam os miúdos para as escolas, transitam por locais, que o condutor por vezes, tem que verificar as reais condições e decidir se segue em frente. Teme-se que o pior possa acontecer a qualquer momento. A população encontra-se inconformada. Não somente os seus filhos, mas eles próprios ariscam-se diariamente. Quando não há eminente risco a vida, quem sofre são as carruagens e carroças. Difícil acreditar no que acontece, não sabem os nobres e plebeus, como são gastados os seus impostos. Mas acreditam que uma parte considerável é gasto com os aliados. Beliscam, beliscam, mas não trazem retorno. Mas o Rei espera que os mesmos, continuem a ajudar a enganar a muitos, com palavras, com convencimento, mas isso deverá ser infrutífero. Uma grande parte dos nobres e a maioria dos plebeus já se apercebem, que a Monarquia, somente é bom para aqueles puxa-sacos do Rei, para os demais a migalha. Também estão guardando bastante dim dim real, para as festas que irão tomar conta do Reino no próximo período. Antes do plebiscito, o panis et circenses estará com todo vigor. Não faltará música e doces, para os idosos e crianças. Também estão tentando neutralizar o messias revoltoso e seus seguidores. Querem aniquilar os mesmos, para que não haja a distribuição dos panfletos. Um membro do Conselho Legislativo, após ter a sua vida esmiuçada e esses fatos publicados, quer a todo custo acabar com essa distribuição. Mas o estrago para o mesmo já foi feito. Deveria conformar-se. Mas continua a usar a estrutura do Paço Real para levar vantagem, na sua tentativa de continuar no conselho. Muitos mestres e alguns que trabalham nos educandários do Reino sentem o peso do Conselho Judiciário. Deverão prestar informações sobre os seus atos, por gastos que fizeram, mas que não são permitidos. Alguns parecem que enlouqueceram com isso. Ainda querem imputar ao messias, falta de caráter, de moral, mas o que falta a muitos é vergonha na cara. A festa da Mesa de Tronco se tornou uma grande algazarra. Desvirtuou-se totalmente a finalidade dessas reuniões. A festa somente serve para embriaguês coletiva. Um catarse alcoólico. O que impera são atos de violência, bem como comportamentos inadequados, até algumas damas da côrte. Também aumenta os acidentes com carruagens e carroças desgovernadas. Talvez, se deveria escolher local mais adequado para tal festa. Aproveitei a festa para degustar cuba Fidel libre e apreciar várias iguarias. No mais, curti o dia com a doce e amada. Não senti ressaca, deve ser por causa dos...ovos de codorna.

M. J. da Bosta

Obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou acontecimentos reais terá sido mera coincidência