MANOEL JOAQUIM DA BOSTA - XX

A situação política no reino se encontra num momento delicado. Além do Monarca não fazer nada a contento para os habitantes do reino, também aqueles que os representam, no pouquinho que a população tem por direito, não o fazem. Esses da Casa do Conselho Legislativo, nos últimos anos, ainda não mostraram para o quê vieram. Acredita-se que foi somente para aumentar as suas rendas e por conseguinte, enchem as suas burras com o dim dim real. Um total estelionato eleitoral. O messias revoltoso não é um imbecil, mas sim aqueles que utilizam o precioso tempo da casa, para insurgir os habitantes, contra aquele que faz muitos préstimos, tem seguidores na côrte e em todas as províncias. Após discursos inflamados, até bestiais, porque não dizer, de dois membros mortos-vivos, o presidente da casa enviou mensageiro ao messias, por carta, na qual outorga tempo na tribuna da casa para poder se defender de todas as acusações, que a maioria dos habitantes tem ciência que são infundadas. Até é duvidoso esse convite do presidente, tendo em vista que processa o messias junto ao Conselho Judiciário, na luta incansável pela honestidade nos educandários. Parece ser uma armadinha para o velho calejado, que não é burro em ir à casa do inimigo. Esse convite é armadinha, ou como se diz, um presente de grego. O messias revoltoso já tinha solicitado em outras épocas, que a tribuna fosse livre, mas negaram por três vezes. Com certeza o convite não será aceito, não tem porque gastar o precioso tempo da casa, e também inserir o direito de resposta no Semanário do Reino, assim somente gastando o dim dim real, sendo luta sua o uso com rigor. Quem tem panfletos distribuídos diariamente por seguidores, que são em torno de mil ao dia, não tem a necessidade de se valer do tal convite. Muitas situações na casa parecem piada, de muito mau gosto, aliás. Alguns possuem vários líderes, isso até não bem entendido pelo povo. Mas parece que eles querem que o povo se exploda. Mas quem acha realmente isso, são alguns nobres e plebeus, que vão deixar os mesmos, se explodirem no dia do plebiscito. O Rei continua com suas obras plebisciteiras, está a fazer limpeza dos rios na côrte, mas esquece que o correto é começar à jusante, ou seja, nas províncias. Mas quer publicidade das suas obrigações. Engana-se com esses seus atos, e não alguns nobres e a maioria dos plebeus. Os do partido conhecido como bico grande, com suas novas afiliações, ofuscam alguns, até a vice-rainha. Trouxeram a minha fantasia de carnaval, vou pular e me divertir até exaurir. Somente eu, minha doce e amada, mais os do Conselho Legislativo, nos permitimos a uma folga nesse período. Mas, aqueles que trabalham no paço real deverão labutar. Para que tenha um carnaval grandioso, com energia, irei consumir um monte...de ovos de codorna.

M. J. da Bosta

Obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou acontecimentos reais terá sido mera coincidência.