12 de junho de 2011

NOVO ARTICULISTA



A partir de hoje, com MUITO ORGULHO e devidamente autorizado, o SAUERKRAUT inicia a publicação de artigos do sábio LAURO BACCA, blumenauense, formado em História Natural pela FURB, Especialização e Mestrado em Ecologia, respectivamente na UFRGS(RS) e UFA (AM).
Bacca é sócio-fundador e primeiro presidente da Acaprena, mais antiga ONG ambientalista de SC.
Foi titular da AEMA e FAEMA de Blumenau em duas administrações, foi vereador por 1,5 anos em Blumenau e foi diretor do Museu Fritz Muller de Blumenau.
Atualmente aposentado pela FURB, é professor do Núcleo de Meio Ambiente do Senai e Sócio-fundador e atual Presidente da Associação dos Proprietários de Reservas Particulares de SC.

Leiam:

"Em ritmo de Fórmula 1
Como professor, sempre senti a dificuldade de percepção ambiental que muitos alunos têm no que se refere a áreas, volumes, tamanhos, declividades de encostas e similares, principalmente quando essas dimensões fogem do nosso dia a dia. Como fazê-los ter uma ideia minimamente clara quando se fala em eras geológicas, com seus milhões de anos de duração? Ou imaginar os 200 milhões de litros que o rio Amazonas lança ao mar por segundo? Ou avaliar áreas derivadas do sistema decimal, tão simples e prático, como metros quadrados, quilômetros quadrados, ares e hectares?

Boa parte da imprensa até que procura informar sobre esses assuntos. Nesta Semana do Meio Ambiente que passou, o Santa contribuiu para a melhoria da percepção ambiental de seus leitores com as belíssimas reportagens sobre as ilhas do Rio Itajaí-Açu. Vez por outra, porém, um distraído tasca um k antes do m e o que era para ser m² vira km², dimensão um milhão de vezes maior.

Nas frequentes notícias sobre desmatamentos na Amazônia, o que não faltam são citações de áreas em km² e hectares. Assim sabemos que, entre 1980 e 1990, o desmatamento médio anual daquela floresta foi de 20 mil km² e que o pico de devastação aconteceu em 1995, quando uma assustadora área de 29.059 km² de florestas veio abaixo. Lembro-me das comparações feitas com a área de Sergipe (21.863 km²) e não conseguia me conformar: uma área maior que um estado brasileiro inteiro ser insanamente devastada em apenas um ano. Atualmente, diz o governo, o desmatamento teria diminuído para menos de 20 mil km² anuais.

Considerando que citar áreas de estados ou regiões pouco ajuda na compreensão desse desvario amazônico, convido o leitor a visualizar essa catástrofe ecológica de uma forma diferente: imaginemos o desmatamento avançando por lá como a abertura de uma estrada de 10 metros de largura, floresta adentro. A diabólica máquina do apocalipse que fizesse isso teria que avançar a mais de 200 km por hora, dia e noite, sem parar, ano após ano, não importando tamanhos, resistência dos troncos, nem quantidade de árvores que tivesse pela frente, uma velocidade média de Fórmula 1!

Nos três minutos desta leitura, caro leitor, a diabólica enlouquecida já terá rasgado 11 km de floresta, quase a distância de Blumenau a Gaspar. Não adiantará virar a página do Santa. Enquanto você lê outras matérias prossegue o avanço na floresta. Você curte seu fim de semana e ela, lá na Amazônia, cometendo seu ecocídio. Você janta, ama, dorme e acorda, você continua sua vida e o ciclope ecocida, a serviço de uma lógica supostamente desenvolvimentista a 220 km/hora, não para um minuto sequer, nem para descansar, trucidando em segundos o que demorou milênios para se formar. Enquanto isso, nas discussões do código florestal..."


fonte: Jornal de Santa Catarina.

OBRIGADO BACCA!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Grande verdade!

Anônimo disse...

Gente boa!! Foi meu professor na Furb!