19 de junho de 2011

LAURO BACCA



"Eternidade egoísta
Nessa semana o Santa publicou reportagens sobre idosos centenários e a revista Veja também tratou de longevidade e prolongamento da vida humana, com destaque para a gerontologia de resultados. Parte-se do extraordinário resultado já alcançado com a expectativa de vida, que no início do século girava em torno dos 40 anos e hoje chega aos 73 no Brasil, 78 nos EUA e 82 no Japão. Veja abordou três pessoas que acreditam piamente que, com os avanços da ciência, os humanos poderão chegar a uma média bem superior aos 100 anos. Um desses três, muito apropriadamente com cara de maluco beleza, jura que em breve poderemos chegar aos mil anos e, mais importante, com saúde e vigor físico, inclusive sexual.

O desejo de eternidade é tão antigo quanto a racionalidade humana. A partir do momento que descobrimos que um dia iremos morrer, passamos a não nos conformar com esse fato. Não é à toa que a maioria das pessoas acredita em vida eterna, pelo menos para a alma. Já no campo terreno e material, é a Ciência que hoje nos acena com algo bem mais real e palpável que antigas crenças, como a que julgava existir em algum lugar uma mítica fonte da juventude eterna, para quem bebesse de sua água.

E se a ciência conseguir a juventude de apenas um ou poucos órgãos do corpo humano enquanto os demais continuam envelhecendo? Não daria certo. O desequilíbrio seria fatal para o organismo como um todo, que acabará morrendo e levando junto os órgãos conservados jovens.

Em termos planetários acontece exatamente isso. Os que estão buscando a eternidade para os humanos esquecem que somos apenas uma parte de um contexto orgânico muito maior e mais complexo que é o caudal da vida, a Biosfera Terrestre. Não adiantará nos mantermos jovens enquanto o resto do planeta morre. Já somos quase 7 bilhões e a metade mais consumidora desse total já está sugando as forças do restante do “organismo planetário”, acima de sua capacidade de recuperação. Imagine quando a outra metade passar a sugar também, e estes têm tanto direito de fazê-lo quanto a metade que já consome. Caos.

A explosão demográfica do último século ocorreu menos devido ao excesso de nascimentos e mais em função da diminuição das mortes, resultado do já conquistado prolongamento da vida humana. Sendo assim, o que esperar do futuro da vida com humanos quase eternos, que não cederão lugar para os que estão nascendo? Haverá mais uma explosão demográfica, mesmo que os casais tenham em média apenas um ou dois filhos!

Sendo assim, a gerontologia de resultados pertence à ala inconsequente da Ciência e os que a defendem acima do mínimo razoável não passam de megaegoístas que só pensam em si, não lembrando que, quando a Biosfera entrar em colapso, sua eternidade também colapsará."


POSTAGEM AUTORIZADA PELO AUTOR
fonte: www.santa.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...

Grande verdade!

Anônimo disse...

Não percebem a vida mais inteligente, a que está ao seu redor. O sistema natural é complexo e organizado. O sistema do ser humano é egoísta e desorganizado, é a corrida pelo avanço tecnológico, pelos bens materiais e o fanatismo pelo desenvolvimento econômico. Que pra dizer a verdade, não leva a lugar algum!

Nossos antepassados viviam do lado de fora. Eles estavam tão familiarizados com o céu noturno quanto a maioria de nós com os nossos programas de televisão favoritos. (só nóm lembro quem falou isso)

Crosa abraçón für Bachmann und Bacca!