CEZAR ZILLIG

"Partidos
“Não contem mais comigo.”

Epitáfio considerado por Millôr

Agora virou hábito, regra ou lei, sei lá: mesmo sem eleições à vista, no mínimo uma vez na semana há que se aturar um partido político decantando suas supostas virtudes em horário nobre da TV. De minha parte, devoto-lhes muito pouco ou nenhum respeito. Raramente suas ações coincidem com o que propalam e muito menos com os anseios e necessidades do povo. Passado o pleito, suas prioridades consistem em garantir espaços e assegurar a vida política de seus afiliados; mesmo que não passem de rematados corruptos. Gastam enorme energia e um tempo absurdo das casas parlamentares discutindo picuinhas partidárias em detrimento das grandes causas nacionais. Fossem eles os poços de virtude que apregoam ser nos horários reservados à propaganda política e não teria sido necessário algo como Lei da Ficha Limpa; eles mesmos se encarregariam de separar o joio do trigo e só recomendariam como candidatos pessoas comprovadamente ilibadas. Mas não é isto o que se passa.

Não há por aí um partido sendo presidido por um indivíduo escorraçado de uma pasta ministerial por comportamento, digamos, “irregular”? Não há partidos políticos, com direito a horário nobre na TV, se inspirando, venerando, líderes das revoluções cubana, russa ou chinesa? Partidos que maquinam para implantar aqui regimes totalitários que escravizam e aprisionam nações dentro de suas fronteiras? Que os condenam a uma vida insossa, mísera e monótona, onde o esforço e o mérito pessoal nada representam?

Embora os desastrosos resultados de suas ideologias sejam por demais conhecidos, eles não enxergam, não querem enxergar e ainda recomendam...

Há que se reconhecer aqui e agora uma insólita exceção: com fortes evidencias se cumulando sobre a cabeça do senador Demóstenes Torres (GO); vexado, seu partido pretendia expulsá-lo e só não o fez porque ele se antecipou pedindo seu desligamento. Congratulações!

Em casos semelhantes – quantos ministros mesmo já caíram? – o que em geral se vê é um corporativismo empedernido, burro; uma pantomima infindável por parte dos respectivos partidos, que ainda se julgam no direito de indicar novo elemento de suas fileiras. Não se acanham não se ruborizam, não veem sua cumplicidade.

E tome propaganda no horário nobre da TV, tudo às nossas custas. É dose!"

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