2 de outubro de 2011
CEZAR ZILLIG
"PÉS POR MÃOS
Há pessoas sem braços. Em Blumenau às vezes se cruza com uma senhora sem os braços. Nada do ombro para baixo. Aparentemente leva uma vida normal. Há documentários de pessoas assim, mostrando que fazem tudo com os pés. Casam, têm filhos, cuidam da casa, dirigem, levam filhos à escola, etc. Ao serem abordadas em alguma blitz, surpreendem o agente ao lhe estender, com grande destreza, sua identificação com os dedos dos pés. Quando um órgão não faz o que dele se espera, quando ele é praticamente inexistente, o normal, o lógico, é que outras estruturas tentem assumir a função prejudicada. O cérebro, a natureza, funciona assim. Darwin descobriu que em Galápagos, na falta de maior diversidade, um único gênero de pássaro preenche diversos nichos ecológicos. Como não havia “especialistas” na área, os tentilhões (uma espécie de pintassilgo) se adaptaram para fazer o que normalmente seria feito por outras aves.
É o que precisa ocorrer na BR 470, rodovia “federal”. Infelizmente, federal. Fosse estadual e não estaria neste abandono. Transito por ela semanalmente nos últimos anos. Conto nos dedos de uma mão às vezes em que cruzei com uma viatura da Policia Rodoviária Federal. Na maioria das aparições, atendia alguma ocorrência. Nunca se vê atitudes preventivas. Alguma blitz por amostragem, algum bafômetro, radar, nada. Já tem motoqueiro ultrapassando pelo acostamento. À noite, a cada 20-30 carros que se cruza, um apresenta alguma irregularidade nos faróis: faróis desregulados, assimétricos, luzes “festivas”, ou lâmpadas queimadas mesmo.
No trecho a leste de BR 101 há uma placa de sinalização sobre a via, que se encontra há mais de ano na horizontal: alguma carreta mais alta passou por debaixo e deitou-a. Ninguém aparece para a manutenção óbvia.
O governo federal não está nem aí para os locais; na Brasília distante, não é alcançado pelos clamores populares. Não faz e não desocupa a moita.
Entende-se o desespero do prefeito de Gaspar tentando resolver o problema de sua gente querendo instalar lombadas no trevo assassino. Hierarquia incompetente não merece respeito. Blumenau sofreu décadas de engarrafamentos no trevo da Mafisa por não poder fincar ali um semáforo sobre a intocável “rodovia federal”.
O povo está cansando; uma hora trocará mesmo as mãos pelos pés!"
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