15 de março de 2011

NOSSA PRAÇA




O meu amigo e companheiro da Sociedade de Escritores de Blumenau e do Clube de Escritores de Piracicaba, publicou "POMERODE: UMA PRAÇA, UMA HISTÓRIA" que é, na verdade, atualmente uma história para ser lembrada.


"POMERODE: UMA PRAÇA, UMA HISTÓRIA

Luiz Edurdo Caminha

O tempo é remoto. Início da década de 70. Gilmar Knaesel nem pensava em ser político. Estudante, 18-19 anos, gastava seu tempo de lazer entre bailes e jogar futebol, tudo o que um jovem normal sempre fez. Filho de um dos personagens mais importantes de Pomerode, prefeito da cidade entre 1966 e 1969, e deputado estadual de 1971 a 1974, deixava com o pai as coisas da política ... e como cuidava bem! Ralf Knaesel foi dos mais dinâmicos administradores da encantadora Pomerode, a cidade mais alemã do Brasil. Construiu estradas, pontes, avenidas, praças, calçou ruas, trouxe água tratada, fez a nova sede da Prefeitura, transformou o acanhado Distrito de Rio do Testo (quando ainda era Blumenau) numa simpática e atrativa cidade, ainda bucólica, graças a Deus! O tempo parece ter parado por lá, apenas para lembrar que a qualidade de vida – o melhor município catarinense neste aspecto – está, sobretudo, ligado ao bem-estar dos cidadãos.

Pomerode vivia de uma economia estável. A fábrica de porcelanas Schmidt exportava seus produtos para todo o Brasil. As Indústrias Weege produziam os melhores embutidos do Estado e o queijo em bisnaga (Krauterkaese) era vendido em todos os mercados do ramo por sua inigualável qualidade. O Jardim Zoológico era a grande atração turística do município.

A língua “oficial” era o alemão, em especial o “plattdeutsch”, um dialeto da Pomerânia, no norte da Alemanha do século XIX, de onde vieram seus colonizadores. Nas ruas, o português só era falado eventualmente, quando algum visitante por lá aparecia.

Pois bem! Seu pai estava muito doente. Um maldito câncer, em fase terminal, consumia suas últimas forças. Estava internado e Willy Hass, da famosa fábrica de calçados veio visitá-lo em Florianópolis. Junto com Gilmar, foram jantar num restaurante em Coqueiros. Foi uma das poucas vezes que falou de política com o velho pai. Numa certa altura, Willy falou: “você foi o melhor prefeito de Pomerode, fez tantas obras; se novamente viesse a sê-lo, que obra você não faria?” A resposta veio imediata: “Não faria a praça. Foi um incômodo danado. Custou três vezes mais que o orçado e fez com que eu deixasse uma dívida para meu sucessor. A empreiteira de Florianópolis faliu em meio às obras. Tive que contratar outra empresa por mais dinheiro. O local era um banhado. Os moradores doaram parte de seus terrenos à Prefeitura, mas um deles não o fez. Pior! Exigiu uma indenização absurda. Movido por um critério de justiça, resolvi indenizar também os outros proprietários. Isto significou mais custos. Aquilo foi uma dor de cabeça”.

Ouviram, os dois, de Willy Hass, uma profecia: “Um dia, Ralf, ela será reconhecida como a obra mais importante que tu fizeste para a cidade”. De fato, este dia chegou. Não a tempo do velho pai desfrutar. Morreu com aquele desgosto.

Hoje a praça, que recebeu o nome do ex-governador Jorge Lacerda, é um centro de convivência da gente pomerodense. Lá é possível alugar um carro de molas e correr a cidade como se o passado ainda existisse. Seu portal magnífico parece um gigante de braços abertos a receber os que procuram a cidade para conhecer uma Alemanha, sem sair do Brasil. É ali que se realiza, anualmente, o Encontro de “Stammtisch” de Pomerode. Nascida em Blumenau, a festa teve, em Pomerode, o primeiro município do estado a copiá-la. E já vai para a 6ª. edição. A disciplina férrea é a tônica e, graças ao lay-out – os grupos são distribuídos por toda a praça – permite um grande congraçamento entre os participantes que esbanjam alegria e irreverência.

A Pomerode de hoje constitui-se num dos mais diversificados parques industriais de Santa Catarina, do ramo do vestuário, metal-mecânico, químico, moveleiro, alimentício, de plástico e de porcelana.

A praça? É quase um pulmão! Melhor, o coração da cidade. Podia sim, mudar de nome. Afinal o ex-governador já tem tantas e merecidas homenagens em Santa Catarina! Essa poderia se chamar Ralf Knaesel. Uma justa homenagem a seu progenitor."


O SAUERKRAUT agradece ao Dr. Caminha, a oportundiade de publicar tão importante relato da história de Pomerode.

5 comentários:

Marquês de Pombal disse...

Acho melhor chamar a Praça Marquês de Pombal, em homenagem a Portugal e os Portugueses de Pomerode!!! e a mim próprio também ora pois, pois...

Anônimo disse...

Voltando ao tema "nome da praça", melhor chamá-la de Praça Pantanal, pois com qualquer chuva ela alaga.

Anônimo disse...

Pantanal point!! Conforme foi dito na postagem, lá era somente pantâno. Aí queremos o quê!

Anônimo disse...

Ralf Knaesel, oh tempos bons!!!

Anônimo disse...

O início de tudo!! O do filho!