13 de novembro de 2011
LAURO BACCA
"De costas para a Natureza
Causou espanto a constatação de que os bancos instalados na Av. Beira-Rio ficaram de costas para a paisagem e de frente para a lataria dos veículos (Santa, terça-feira). Mais espanto ainda quando alguém, provavelmente um dedrófobo, disse que as árvores também atrapalhariam a instalação dos bancos. Felizmente, as últimas notícias dão conta de que tal situação pode ser revertida, com bancos virados para os dois lados.
Nas áreas onde a calçada se alarga avançando sobre a margem, tem espaço para bancos com encosto. Os encostos são muito importantes, por propiciarem mais conforto, permitindo maior relaxamento, boa conversa, ou o simples espairecer, observando a paisagem e, claro, as capivaras. Sem encosto, o ato de sentar fica mais cansativo, menos agradável. Falta, no entanto, justo na maioria dessas áreas alargadas, mais nobres, a preciosa sombra das árvores, que precisam urgentemente serem ali plantadas. Árvores e bancos devem estar juntos, melhorando o ambiente urbano, e não separados.
Ter prazer em apreciar a natureza é um hábito que deveria ser cultivado. Há alguns anos, na rota aérea Fortaleza - Brasília, eu, que ansiava para ver a nova paisagem do alto, não consegui janela. Já o vizinho da janela, mais um dentre tantos “de costas para a natureza”, fechou a cortina assim que sentou. Propus a troca e ele, felizmente, aceitou. O sol batia na janela e a altura de voo dos jatos, como se sabe, é considerável. Mesmo assim, aprendi muito olhando para fora, impressionando-me com a quantidade de água no interior do estado que é um dos mais secos do Nordeste.
A observação
Como pude observar isso, se as condições de visibilidade eram péssimas? Simples: pela enorme quantidade de espelhos de água dos açudes, refletindo o sol, em direção ao avião. Portanto, mesmo nas piores condições, é possível observar e aprender muita coisa, quando se viaja.
Pouquíssimos ficam observando ou simplesmente curtindo a paisagem durante as viagens. As TVs e DVDs a bordo desestimulam ainda mais esse saudável e educativo hábito, roubando a paisagem da apreciação dos passageiros.
Numa das excursões da Acaprena, justo uma entidade que procura sensibilizar as pessoas para a proteção da natureza, vivenciando-a, tivemos um contratempo, percebido tarde demais, depois que a viagem começou: o ônibus alugado não só tinha películas extremamente escuras aplicadas nas janelas, como também tinha a visão ainda mais obstruída por um gigantesco adesivo de marketing da empresa nas laterais do veículo, que avançavam pelas janelas. Paisagem que é bom, necas. Perto do entardecer então, visão absolutamente zero. E o ônibus era de uma empresa de turismo, que deveria estar vivendo de paisagens!
Não são apenas os bancos da Beira-Rio que estão de costas para a natureza. Nossa própria sociedade o é!"
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Um comentário:
Aqui em Pomerode, por enquanto, o rio só serve para levar o esgoto.
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