30 de janeiro de 2013

LAURO BACCA


Precisa ser mais diferente

Metade dos atuais 7 bilhões de habitantes que superlotam o planeta já é urbana. Até 2030 seremos mais de 8 bilhões, com 80% das pessoas morando em cidades, quase o dobro de hoje. Os espaços livres, verdes, naturais ou agrícolas, serão invadidos por uma onda ainda maior de concreto e asfalto. As cidades vão avançar inexoravelmente sobre a natureza, cujos espaços, por consequência, vão diminuir ainda mais.

Para interconectar e suprir esses gigantescos formigueiros humanos, a persistir o atual modelo depredatório, chamado eufemisticamente de “desenvolvimento”, serão necessários mais rodovias, ferrovias, hidrovias, aeroportos, áreas de lazer, captações de água e áreas de produção de alimentos, energia e demais recursos naturais.

Isso implicará uma crescente pressão sobre o que resta de ambiente natural, habitat de milhões de outras espécies, que têm o mesmo direito nosso de sobreviver.

Além de diminuído, o ambiente natural estará cada vez mais fragmentado, limitando-se a ilhas naturais cercadas de ambientes antropizados por todos os lados a impedir a livre circulação das espécies nativas. Presas nessas ilhas, sem possibilidades de interconexão, os indivíduos dessas espécies terão sérias dificuldades de sair dali à procura de novos territórios de sobrevivência ou simplesmente um parceiro para se acasalar.

Mesmo no Brasil, onde 80% da população já é urbana, o processo de avanço do concreto será expressivo, à medida que a desejável melhoria das condições econômicas das pessoas propiciar moradias maiores e melhores, carros, casas de praia e campo, etc.

É chegada a hora de pensarmos seriamente na “ecologização” de nossas cidades que, em todo o mundo, terão que planejar corredores ecológicos e outras formas de diminuir o isolamento das espécies que vivem nas ilhas de habitats naturais. Essa possibilidade existe. Basta sermos, com base científica, criativos e inventivos para tal.

Diante desses fatos, saber que a obra de proteção da margem esquerda será um pouco mais “verde” que a da margem direita (Santa, 26 e 27/01) é bom, mas ainda é pouco. Precisamos de uma verdadeira MATA CILIAR sobre a obra, que funcione de fato como um corredor ecológico, sem prejuízo da necessária proteção e de sua utilização pelo público.

A Blumenau 2050, mais que concreto e asfalto, terá que se inovar e pensar nessa nova realidade mundial.

AUTORIZADO PELO AUTOR.
TAMBÉM PUBLICADO EM: WWW.SANTA.COM.BR



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