31 de dezembro de 2011
LAURO BACCA
Atrações destroçadas
A Santa Catarina queridinha do turismo nacional precisa ser bem tratada para continuar ostentando esse charmoso apelido e garantir o filão de recursos desse importantíssimo segmento da economia estadual.
A beleza do nosso Litoral extasia todos que o conhecem. Nossos vales, abençoados pelo mesmo clima que às vezes nos castiga, são pintados de um verde e de uma luz pouco vistos em outros lugares. A ruptura do relevo representada pelas serras do Mar e Geral conduz a outro mundo paisagístico e cultural, o planalto, marcado pela presença das araucárias de porte altivo, que sobreviveram heroicamente ao massacre a elas imposto por uma sociedade com sede de madeira demais e bom senso de menos. Há paisagens e recantos fascinantes por todo o estado.
Um dos pontos de maior magia e encanto não poderia estar mais ao alcance dos turistas e curiosos do que as Furnas de Sombrio, no Sul do Estado, à beira da BR-101 em duplicação, como que olhando para outro recanto de serena beleza logo à frente, o grande espelho d’água da Lagoa de Sombrio.
A explicação geológica para esse belo fenômeno da natureza não oblitera a beleza plástica das furnas de Sombrio, ao contrário, reforça e intriga ainda mais todos que a conhecem, uma verdadeira aula prática da dinâmica geológica recente de nosso Litoral: há uns poucos milhares de anos, o nível do mar estava mais alto e era ali que as ondas fustigavam o costão da época, erodindo o arenito Botucatu na parte de baixo menos resistente, o que não aconteceu na parte superior mais sólida da rocha, resultando na formação das furnas.
Tudo corria muito bem. Veio a colonização, estradas, pontes e o asfalto fronteiriço que certamente faria do lugar uma das mais importantes e acessíveis belezas turísticas do Estado. No entanto... bomba!, tascaram um posto de gasolina bem defronte às furnas e um prédio comercial ao lado. A lanchonete anexa ficou tão colada às duas furnas, que, se alguém desejar acessá-las, terá de vencer uma quase olímpica transposição de obstáculos. A lama do fundo da maior delas passou a ter fama de medicinal e a religiosidade do povo resultou numa equivocada descaracterização, com centenas de estátuas de santos, velas acesas, agradecimentos e altares que não poderiam estar ali, de jeito nenhum.
As furnas de Sombrio são um lamentável exemplo de como destroçar atrações do estado queridinho do turismo nacional, mas não é o único. O próprio litoral, como um todo, está ameaçado. A boa notícia é que ainda dá tempo de reverter o mal feito às furnas e prevenir que não tenhamos outras atrações destroçadas. Agindo enquanto é tempo, tratando o turismo com muito mais seriedade, evitaremos a morte de nossa turística galinha dos ovos de ouro, garantindo não apenas um feliz 2012, mas também feliz 2022, 2032 e tantos outros que virão!"
Com autorização do autor.
Também publicado em:www.santa.com.br
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