17 de dezembro de 2011
LAURO BACCA
"Invasão de paisagem
Quem trafega pela BR-101, sentido Sul, se prestar bem atenção, vai notar um pedestal construído e abandonado sobre a rocha à beira-mar, poucos metros após o posto da Polícia Rodoviária Federal de Itapema. Faz alguns anos, tentaram instalar ali mais um painel de propaganda ao ar livre, um verdadeiro tapa na cara daquela bela paisagem! O leitor Cláudio Fernando Krauss, foi um dos que botaram a boca no trombone, denunciando tal descalabro no espaço do leitor no Santa. O painel, não sabemos se devido apenas à denúncia ou não, não foi instalado, sobrando agora, anos depois, a base de cimento sobre a rocha, que ainda não foi retirada. Sorte de todos, que tiveram a já sofrida paisagem litorânea salva, pelo menos naquele ponto.
Os edifícios urbanos estão entre os maiores invasores de paisagens. Há pouco mais de um ano, o ex-deputado estadual Álvaro Correa, sob o título “O Céu é o limite”, abordou aqui no Santa o “liberou geral” da verticalização, principalmente em Balneário Camboriú, onde praticamente não há limite de altura para os edifícios. Agora chegou a vez de Blumenau encarar as novas alturas dos prédios, suscitando novo debate na cidade – vide os bons artigos dos arquitetos Alfredo Lindner Jr (Santa, 11 de dezembro) e Daniela Pareja (Santa, 12 de dezembro), para citar alguns.
Parece que todos concordam, e nós também, com a afirmação do também arquiteto Fabrício José Barbosa, de que num sítio urbano restrito como o de Blumenau, a verticalização é a única solução viável. É de se perguntar, no entanto, qual o limite dessa verticalização, considerando que estamos em vias de construção de prédios de mais de 30 andares na cidade. Mesmo considerando que a lei blumenauense, mais avançada que a de Balneário Camboriú, impede grande adensamento desses altos prédios, será algo bom para a cidade ter um edifício desses, fino e alto, espetado quase no vértice da prainha da Ponta Aguda, projetando-se a alturas superiores à do próprio restaurante turístico Frohsin e cuja sombra atravessará o rio, chegando até a rua da outra margem? Prédios com mais que o dobro da altura dos mais altos prédios do centro da cidade?
Limites
Será bom termos edifícios cuja silhueta, do ponto de vista do observador do solo, ultrapassará em altura, o belíssimo perfil dos morros blumenauenses ao fundo? Verdadeiros espetões fincados no solo, que sobressair-se-ão mais do que a própria “paisagem de luz espetacular de Blumenau, que lugar nenhum do mundo tem”, no dizer de Hans Broos? Não seria o caso de pensarmos seriamente nos limites? Já não basta a lamentável copacabanização de grande parte de nossas praias? Não sei não, mas não estou gostando muito de uma possível dubainização de Blumenau."
Também publicado em: www.santa.com.br
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