ADVENTO

Nos bons tempos da minha infância, no período do advento, abundavam os vagalumes e as cigarras voltavam com seu canto estridente.

Um clima todo especial se instalava na natureza, no coração e na alma de todos. 

Amadureciam as uvas (branca, rosada e niagara)  e brotavam as flores no milharal. 

Preparavam-se os docinhos em multi formas de papai-noel, sinos, velas, anjos e outros mais.

Os pais providenciavam a confecção da coroa com galhos de pinheiro e fitas vermelhas e a árvore de Natal (araucária ou cipreste).

Retiravam do fundo dos baús as bolinhas coloridas, os castiçais com pequenos prendedores para fixar as velas no pinheirinho, fios prateados e algodão para lembrar a neve da Alte Heimat, todos guardados desde o ano anterior. 

Nos rádios galena - que precisavam "esquentar" - ouvia-se uma programação especial com os hinos de Advento, em alemão e também em português. 

Todos frequentavam o culto ou a missa e as crianças ensaiavam peças teatrais sobre o nascimento  de Cristo que eram apresentadas nas escolas e nas igrejas na véspera do Natal. 

Brinquedos eram fabricados ou comprados e também balas e chocolates.

As bolas eram de borracha ou, umas poucas, de couro, com a costura e o "bico" visíveis e moldáveis. 

As bonecas de pano eram a alegria das meninas.

Papai Noel trazia muitas gaitas e gaitinhas de boca de todos os tamanhos e cores que, após o Natal, enchiam o ar de melodias.

Hoje, uma infinidade de presentes (até made in China) estão no mercado e fazem a alegria das crianças. 

Graças a Deus, os inseticidas e agrotóxicos, não destruíram totalmente os vagalumes e as cigarras que, ontem à noite traziam para a Pequena Reata a luz e os sons de minha infância distante. 

E É LOGO, NATAL!!!