MANOEL JOAQUIM DA BOSTA - XVII

Os panfletos do messias revoltoso estão a cada dia, abrangendo mais localidades do reino. Alguns nobres, e a maioria dos plebeus estão incansáveis na distribuição dos mesmos. O Monarca e seus aliados percebem que as notícias divulgadas, estão azedando as pretensões de permanência da monarquia. Cada dia fica mais claro, que somente uma grande reviravolta poderá mudar a situação. Sendo que os aliados, também conhecidos como os que beliscam, não são escolhidos com apuro. Assim os ideais de república afloram a olhos vistos. O Cavalariço Real encontra-se em dias mais tranqüilos, leva os cavalos para comer a beira das estradas e ruelas do reino. No momento estão impossibilitados de puxar as pesadas carroças, que normalmente são carregadas com pedras grandes e pesadas, para a manutenção das estradas na côrte e províncias. Comentam que estoque de ferraduras no Paço Real chegou ao fim. Alguns entendem que isso é bom, economiza-se assim com ração, e também com os trabalhos realizados para os aliados. A maior discussão na côrte e províncias é sobre o que deverá ser feito com a serpente importada de outro reino, conhecida nessas terras maravilhosas e gentis, como charaka. Alguns nobres e a maioria dos plebeus acreditam que deverá ser colocada em viveiro junto ao Jardim de Animais, que é muito famoso entre os habitantes dessas terras, e traz muitos estrangeiros para visita. O Jardim é uma fonte turística altamente rentável, ajuda diversos negócios do reino. Os mais favorecidos são os bons restaurantes que temos, sendo isso orgulho do povo. Mas os defensores dos animais acreditam que a melhor solução, seria deixar a mesma vagar nos bosques e florestas, que existem em abundância em nossas províncias. Tendo em vista que a mesma vagava em total liberdade na côrte. Talvez esse seja o consenso a se chegar, a liberdade junto às províncias, mas tem um grande porém, como a mesma não é endêmica, o chiado é desconhecido para a maioria. Assim sendo, impossibilitados de reconhecer o que os sons da mesma querem dizer, os moradores com certeza irão matar a mesma e mostrar o pau. É comum no reino, espécimes desconhecidas não se criam. Talvez seja o melhor, deixar a mesma a própria sorte. Muitos nobres e plebeus estão insatisfeitos com os do Conselho Legislativo, os mesmos ganham muito para fazer pouco, e ainda solicitam trabalho ao Rei para os seus parentes. Assim sabem que os mesmos irão votar a favor dos empregos dos seus, e deixarão os demais, sem o mínimo de esperança de dias melhores. Mas o plebiscito esta cada dia mais perto, e os habitantes cada vez mais espertos. Maravilhosos esses últimos dias nessas terras, o sol nos brindou, assim estive na companhia da doce e amada, tivemos dias memoráveis. Como preciso sempre de energia, irei comer muitos...ovos de codorna.

M. J. da Bosta

“ Obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou acontecimentos reais terá sido mera coincidência. “