28 de janeiro de 2012

LAURO BACCA



Poder esbanjativo
O problema da falta de recursos torna-se mais crônico na área do meio ambiente, principalmente no que diz respeito à proteção da biodiversidade. Conseguir verba para implantar os parques nacionais e outras importantíssimas unidades de conservação, incluindo a regularização fundiária, significa um eterno matar o leão à unha. No fim, ainda vem a piada sem graça pra cima da gente: “bichos selvagens e plantas nativas não votam!” Como a esperança é a última que morre, sempre há a expectativa de que as coisas melhorem, principalmente se levarmos em consideração o expressivo aumento do número de eleitores que se preocupa com o assunto.

Num falso consolo para os ambientalistas, percebe-se que, mesmo nas áreas que podem render mais votos aos políticos, os recursos também são minguados, via de regra, nunca suficientes. Assim caminhamos neste Brasil com deficiência em educação (não por acaso aqui listada em primeiro lugar), saúde, segurança, saneamento, transportes, Defesa Civil, planejamento urbano e rural, etc.

Existem, porém, quando comparadas com as deficiências generalizadas, ilhas de abundância de recursos públicos no mar brasileiro das deficiências orçamentárias, onde o esbanjamento impera. Na ilha legislativa o esbanjamento é mais que visível; de tão ostentatório, chega a ser nojento, um escárnio, uma excrescência, como desabafou o respeitado médico blumenauense Walmor Belz (Santa, 21 e 22/1).

O dinheiro no legislativo está sobrando. Por que está sobrando? Por que assim foi orçado. Por quem foi orçado? Por eles mesmos, senadores, deputados federais e estaduais e vereadores, os próprios eleitores de suas vergonhosas vantagens e mordomias. Questionados por esse e tantos outros absurdos, saem-se com um vago “é a lei”. Lei que eles mesmos fazem lá em cima (Congresso) que depois são acatadas alegremente mais abaixo, até chegar às câmaras municipais, via de regra, sem maiores questionamentos.

Parece que nossos legisladores, ao assumir o cargo, são acometidos de uma espécie de entorpecimento moral conivente com tanta gastança relativa. As exceções não conseguem ser maioria. Há muito que estou convencido que o legislativo, em todos os níveis, poderia ser extremamente eficiente com 1/3 dos orçamentos atuais. O deputado federal José A. Reguffe, eleito pelo Distrito Federal, que dispensou uma série de mordomias e excesso de assessores, tenta demonstrar que isso é possível. Se seu exemplo fosse seguido por todos, a economia num mandato seria de R$1,2 bilhão. Valor que poderia ser ainda mais ampliado com outros cortes de despesas.

Reduzir drasticamente o que se gasta no legislativo não iria suprir todas as demais demandas da sociedade brasileira. Mas que ajudaria, ajudaria sim, sem contar com um maior ânimo por parte de todos os mortais que lutam com sacrifício no dia-a-dia, com o exemplo vindo de cima.


fonte:www.santa.com.br
autorizado pelo autor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa postagem chegou no momento certo.