9 de novembro de 2009
DE AMIGOS E "AMIGOS"
Quando já se viveu mais de 60 anos, a experiência noz diz que adquirimos um novo sentido capaz de nos orientar diante de situações novas que passamos a viver. Assim, a surpresa inicial da aproximação de alguém que durante muito tempo vivia à distância nos faz refletir sobre as razões de tal atitude. Dizem alguns que o sexto sentido próprio das mulheres “vê” o que nossos olhos e nossa ingenuidade não revelam. Assim, por vezes, acolhemos em nosso meio e aceitamos na nossa convivência pessoas que acreditávamos estarem se aproximando por ideais comuns. É triste, mas depositamos nelas, muita confiança e até nos comprometemos em sua defesa e na divulgação de suas idéias, aparentemente sérias, sinceras e honestas. Solidarizamo-nos diante de seus infortúnios e damos de nós o que temos para dar, tentando minorar a dor, o desconforto e a crueldade da sociedade em que vivemos e da qual se dizem vítimas. Duro é constatar que o que tínhamos para dar não era exatamente o que queriam e que, diante disso, a aproximação se transforma em distanciamento. Pior, encontrando em outro porto o que buscavam – quase sempre pecúnia – todos os valores e princípios defendidos no curto período da “amizade” parece que se destinaram à lata de lixo. A conveniência, fruto da sociedade em que vivemos, fala mais alto e o sistema engole quem nos parecia idealista, guerreiro, lutador e decidido a construir uma nova sociedade. É triste, mas se Rui ressuscitasse, por certo alteraria o final de sua obra dizendo: “a ter orgulho de ser desonesto!”.
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