12 de novembro de 2008

6 DE OUTUBRO

O dia seguinte passa a ser quase tão importante como o dia da eleição para quem foi eleito. A partir de então, começa a derrota do vencedor. Aparecem os que se acreditam donos de cargos na administração. Começam as cobranças. Cabos eleitorais se identificam e multiplicam e parece que todo mundo estava com o prefeito eleito e votou nele. A sogra do ex-colega de colégio telefona e cobra o aproveitamento do genro porque ele trabalhou muito, é muito competente e sempre foi leal e fiel. A esposa do amigo que acredita que o marido será futuro secretário, manda um recado dizendo que já encomendou o traje para a posse. Indicado por quem foi eleito vice, algum amigo se apresenta pleiteando uma secretaria porque pelo seu nível nem pensa em segundo escalão. Vereadores não eleitos não se conformando em serem chamados de bois de piranha, querem a compensação pelos votos somados à legenda e exigem cargos. Colegas de profissão afirmando serem fiéis eleitores e dizendo-se formadores de opinião perante a classe e clientes, apresentam-se para auxiliar o eleito na administração pelos quatro anos de mandato. Parentes formam filas e esperam por alguma teta ignorando que recente Lei Federal, proíbe o nepotismo. Quando a coligação uniu os eleitos donos do paço, a coisa se complica mais ainda. O pessoal que está mamando, não espera ser substituído quando a divisão ou o loteamento já foi feito antes da eleição e tem gente que vai ter que sair para outros entrarem. Existe quem procura a esposa do prefeito, ou o sogro, a sogra, aquele deputado estadual ou o deputado federal e quem quer que esteja ligado ao grupo afirmando que trabalhou na campanha e que chegou a sua vez. É...daqui até a posse, o prefeito eleito e a sua vice, ainda irão perder muito porque não dá pra atender todo mundo que pensa que chegou a sua vez de fazer parte da administração da prefeitura. Depois da posse, os preteridos deixam de ser amigos e prometem trabalhar contra e na próxima eleição, o voto haverá de ser outro. Velhas amizades se acabam. Amigas desde a infância nunca mais serão vistas juntas. Em algum canto da cidade, alguma mãe ou sogra dirá para a vizinha que bem que avisou: Não dá pra confiar em político! E lá naquela sala do andar de cima do paço, naquela cadeira especial, o prefeito eleito, ficará convencido de que a vitória também foi uma derrota porque na vitória, perdeu amigos que, talvez nunca tenham sido.

12.11.2008

Nenhum comentário: