26 de janeiro de 2009

CARTA À POMERÂNIA

“Meus queridos e distantes parentes. Estejam todos na paz do senhor. Por aqui a saudade é grande e a vida não está nada fácil. Tudo é muito diferente do que nos contaram aí na Europa. Mas, temos fé em Deus e haveremos de construir aqui um futuro para nós, nosso filhos e nossos netos. É o que sempre afirma o Dr. Hermann aos germânicos que aqui aportaram.” Era mais ou menos assim que começavam as cartas de nosso imigrantes pioneiros aos seus entes queridos que ficaram na Halte Heimat. Hoje, seus descendentes poderiam contar muitas histórias de seus avós e pais vividas nas barrancas do Rio do Testo, nos clubes de caça e tiro, nas escolas, nas igrejas, nas festas e nos momentos de tristeza. Agora, comemoramos o cinqüentenário da emancipação de Blumenau e a 26ª festa Pomerana. Do povoado inicial hoje nos tornamos Pomerode, importante cidade do Vale do Itajaí e de Santa Catarina. No final do Ano, sofremos também os deslizamentos causados pelo excesso de chuva e perdemos até mesmo vidas. Janeiro marcou a posse do novo prefeito que agora é um SÍNDACO e não mais um BURGERMEISTER pois na “cidade mais alemã do Brasil” agora, o prefeito e a primeira dama são oriundis. Sei lá se capulettos ou montescos. Resta-nos a nós pomeranos, o fato de que a vice-prefeita é descendente, em linha direta da gente de nossa terra e que, os italianos que hoje comandam a cidade, na realidade quando migraram para cá, eram súditos do grande Império Austro Húngaro pois, Franz Joseph havia conquistado o norte da Itália. No passaporte de seus antepassados, consta como se fossem austríacos quanto à nacionalidade. Na festa pomerana que termina hoje, por enquanto, ninguém cantou Mérica, Mérica e nem mesmo a Virginella. Talvez em outra data, os italianos façam a sua festa por aqui. Esta terra reúne hoje, gente vinda de todos os cantos e pode ser que no futuro, a mesa do prefeito seja adornada com uma chaleira e uma cuia de chimarrão e se faça por aqui, uma festa campeira tipicamente gaúcha. Mas, eu ainda acredito que por muito tempo, a cultura alemã haverá de se sobressair a tudo e a todos. E os pomeranos apátridas vivendo em todos os cantos deste mundo, sempre encontrarão por aqui, uma pequena Pomerânia, onde até mesmo o “plat” ainda se fala. E viva o marreco com repolho roxo e a salsicha com sauerkraut!

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