27 de agosto de 2012

CEZAR ZILLIG


PROFESSORES

“A aluna tem o hábito de sentar em sua carteira abraçada aos joelhos apoiando os calcanhares no assento,” queixa-se no consultório um exasperado professor; sente-se desrespeitado, no que tem razão. Vem desabafar com o médico, já que coordenador e diretor de sua escola, embora reconheçam a impropriedade da postura, não têm disposição para comprar esta briga. Hoje em dia, dependendo da escola e dependendo de certos pais, uma orientação de um professor intentando ensinar bons modos a seus pupilos, pode terminar nas barras de um tribunal e aí... tudo é possível. Afinal, as leis são pródigas em assegurar “direitos” e esquálidas em estipular deveres.
Há escolas particulares onde a relação mestre-pupilo foi deturpada para o binômio fornecedor-cliente; como “cliente tem sempre razão”, a falta de modos – trazida de casa - de um fedelho pode prevalecer sobre o que pretende ensinar o mestre. Lamentável.
O episódio acima não é um caso isolado; há um bom número de mestres que são habitués de consultórios médicos por somatizarem nas mais variadas formas de enfermidades as suas frustrações profissionais.
Antes de mais nada, se ressentem da falta do respeito que por direito,  tradição e lógica lhes cabem.
É comum mestres apelarem para o apoio médico; necessitam ser escorados por fármacos para aguentar o tranco.
Aqueles que queiram, que precisem, amealhar um provento apenas razoável, têm que se esfalfar em três turnos diários de aulas, perfazendo sessenta horas trabalhadas na semana. Estafados, têm menor tolerância para lidar com a indisciplina.
É indigno o que convencionalmente vem se pagando para uma classe responsável pelo provimento de um bem vital para qualquer sociedade moderna: educação.
Esta adicional falta de reconhecimento por parte da sociedade, expressa através da baixa remuneração, só faz ampliar a frustração profissional.
Dias atrás a Presidente da República rotulou de “sangues azuis” membros de uma banda de funcionários, que embora privilegiados, ainda reclamam de seus salários. Simplesmente por terem curso superior acham pouco sete, oito mil Reais de salário inicial; somas que nem em final de carreira um nobre mestre, igualmente com curso superior, sonha em perceber.
Professores recorrem ao médico, mas no fundo, o que está doente é o sistema."

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2 comentários:

Anônimo disse...

AQUI E ALI TUDO A MESMA M....

Ex-vereador condenado por receber parte do salário de servidores


Um ex-vereador, de São José, teve condenação mantida pela 4ª Câmara de Direito Público, por atos de improbidade administrativa. Segundo a inicial da ação civil pública proposta pelo Ministério Público, o político obrigara duas servidoras a repassarem parte do salário, sob pena de exoneração. A Vara da Fazenda Pública de São José determinou contra o vereador a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por três anos e proibição de contratar com o poder público pelo mesmo prazo.

Conforme o MP, o ex-vereador havia intermediado a contratação das servidoras, mas compeliu ambas a repassar-lhe parte da remuneração. Uma pagava R$ 190 e a outra, R$ 300, sendo que recebiam pouco mais de R$ 800 líquidos na época dos fatos. Além do dinheiro, também eram obrigadas a distribuir panfletos e cartões fora do horário de expediente.

Inconformado com a sentença de primeiro grau, o réu apelou para o TJ. Declarou que as acusações são todas de caráter político. Relatou que uma das representantes tinha relação amorosa com o filho de um cabo eleitoral de um desafeto político. Afirmou, ainda, que não poderia influenciar na contratação ou exoneração das servidoras, pois trabalhavam em órgão independente da Câmara de Vereadores. Destacou que os pagamentos realizados pela Administração Pública são feitos por depósito bancário, sem qualquer interferência de sua parte. Por fim, questionou o áudio juntado aos autos, que mencionava as transações entre o réu e uma das servidoras, pois teria sido manipulado e obtido de forma ilícita.

Para os desembargadores, pouco importa se o vereador tinha ou não influência na contratação. A gravação, feita por uma das servidoras, é legal e suficientemente esclarecedora. “Da leitura dos diálogos supratranscritos resta clarividente que o réu, quando indagado acerca dos valores que lhe eram repassados pela informante Francielle, nem sequer negou o fato propriamente dito, mas tão somente se insurgiu contra a quantia que lhe era repassada, ou mesmo quanto a ter dado causa à exoneração. Do mesmo modo, quando instado a manifestar-se acerca da ausência do repasse atinente ao mês de dezembro, igualmente não rechaçou o fato em si; pelo contrário, reiterou a existência de um acordo (acerto) informal entre ele e a informante”, finalizou o desembargador substituto Rodrigo Collaço, relator da decisão.

A câmara lembrou ainda que, devido à alta reprovabilidade e à intensa ofensa à moralidade, as sanções foram devidamente aplicadas e, caso queiram, as servidoras prejudicadas podem buscar na justiça reaver os valores indevidamente repassados. A votação foi unânime (Ap. Cív. n. 2008.079386-2).

Chatadoschatos disse...

Sem querer falar por eles, mas creio que o mesmo ocorre com a Polícia Militar,quando se trata dos pimpolhos e fedelhos sem limites, sentem-se presos pelas próprias algemas. Como ex funcionária pública o texto relata fielmente a rotina dos que ainda tem estômago para aguentar a educação que os pimpolhos não recebem em casa, e ainda falam de educação integral ... pergunto: qual será o tempo disponibilizado pelos pais para estes pimpolhos se isso for implantado em todas as escolas ??? Talvez, um bom dia e boa noite, além de uma série de mimos materiais para suprir a sua ausência.