20 de agosto de 2012

CEZAR ZILLIG



Os deserdados
Paciente contando: foi no INSS tratar da aposentadoria. Embora relativamente jovem, tem tempo de contribuição suficiente, pois começara a trabalhar cedo. Desistiu rapidinho do intento ao ouvir da funcionária: “se aposentando assim jovem, quando chegar aos sessenta anos você estará recebendo apenas um salário mínimo!”. Tão sombria perspectiva o fez botar a viola no saco e voltar correndinho para o batente. (A história seria bem diferente fosse ela uma funcionária pública...)

Nos últimos dias, o país tem sido perturbado, prejudicado, por greves de diversos setores públicos, a maioria promovida por gente que, se comparado com o resto da sociedade, não tem absolutamente do que se queixar, são os mais bem pagos do país. Choram de barriga cheia.

De todas as manifestações que assolam Brasília, a mais legítima é sem dúvida a grita dos aposentados do setor privado. Suas aspirações são as mais razoáveis possíveis. Razoáveis e justas: querem a reposição das perdas de acordo com o número de salários mínimos da época em que se aposentaram, justamente como está estipulado no projeto 4434/08. Considerando-se que a reposição integral de reajustes é a prática vigente adotada no país para o setor público, tem-se aí a necessária jurisprudência instruindo o correto modo de proceder, leal e justo, em termos de aposentadorias. Afinal, segundo a Constituição, todos os brasileiros são iguais perante a lei. Portanto, resta a lei ser igual para todos os brasileiros.

Por mais justa que seja a reivindicação, os pobres velhinhos clamam no deserto. Ninguém se comove com desespero; não motivam manchete alguma. Estranho isto, pois a luta deles é a mesma de todos os trabalhadores da iniciativa privada. Os da ativa hoje serão os destituídos de amanhã. Com poucas exceções, os sindicatos de todas as categorias não enxergam o compromisso com esta questão, como se os associados fossem imunes a estas aposentadorias definhantes.

Contudo, a grande ausência nesta luta inglória é a do próprio “Partido dos Trabalhadores”, pretensamente o maior interessado no bem estar da classe operária. Como estilingue, o PT era prepotente, ditava regras, sabia de todas as respostas; agora que virou vidraça, se faz de desentendido, não sabe de nada, não vê nada. Bem ao estilo do líder e mentor.


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Um comentário:

Chatadoschatos disse...

Um tapa com luva de pelica,simples assim! Quanta elegância !!!