"Selva
Lembro de ter visto num documentário sobre vida marinha um peixe estranho, habitante das regiões abissais, profundas e em permanente escuridão. O tal peixe tinha uma espécie de antena partindo de sua testa. Na ponta da tal antena pendia um fotóforo, como uma lanterna chinesa, que ficava oscilando a alguns centímetros da bocarra do peixe. O brilho do fotóforo atrai peixinhos curiosos que acabam sendo papados pelo dono da lanterninha. Embora bizarro exatamente como ocorre na sociedade humana.
Embora não se devore diretamente o concorrente, todos têm algo para vender: seja produtos, serviços, ou a si próprio, como nas campanhas políticas. Para garantir o faturamento e expandir as vendas, se lança mão de todo tipo de truque, muitos deles mentirosos ou próximos disso. Traiçoeiros como a lanterninha do ogro das profundezas.
Um dos truques fajutos do qual se abusa por aqui é o tal do 99. Todo comerciante que apela para esta tática conta com a distração do cliente e tenta induzi-lo a pensar que seu produto é mais barato: não, não é R$ 500, é apenas R$ 499! Tem supermercadinho (“supermercadinho” é um oxímoro) onde todos os preços terminam em 99. Na “minha” praia tem um que aporrinha a redondeza toda alardeando aos berros de (argh!) carro de som a sua interminável lista de ofertas a qualquer coisa e noventa e nove centavos. Na hora da compra, nem fazem menção de devolver o centavo de troco e a clientela nem lembra de exigir. Mas devia! Se fazem tanto alarde pelo 99, que se faça valer. Eu particularmente me sinto tacitamente injuriado ao deparar-me com tais promoções cuja desinência é 99. Alguém lá detrás da vitrina está me tomando por trouxa. Assim como o peixe ogro da lanterninha.
Li em algum lugar que o Rio Grande do Sul estava para desconsiderar o centavo. Se for assim, ao menos por lá os preços passarão a no máximo ter desinência 90. Vive-se numa selva, expostos e vistos como presa fácil de infinitas maneiras. Assunto suficiente para escrever tratados. Aqui apenas um tira-gosto."
Embora não se devore diretamente o concorrente, todos têm algo para vender: seja produtos, serviços, ou a si próprio, como nas campanhas políticas. Para garantir o faturamento e expandir as vendas, se lança mão de todo tipo de truque, muitos deles mentirosos ou próximos disso. Traiçoeiros como a lanterninha do ogro das profundezas.
Um dos truques fajutos do qual se abusa por aqui é o tal do 99. Todo comerciante que apela para esta tática conta com a distração do cliente e tenta induzi-lo a pensar que seu produto é mais barato: não, não é R$ 500, é apenas R$ 499! Tem supermercadinho (“supermercadinho” é um oxímoro) onde todos os preços terminam em 99. Na “minha” praia tem um que aporrinha a redondeza toda alardeando aos berros de (argh!) carro de som a sua interminável lista de ofertas a qualquer coisa e noventa e nove centavos. Na hora da compra, nem fazem menção de devolver o centavo de troco e a clientela nem lembra de exigir. Mas devia! Se fazem tanto alarde pelo 99, que se faça valer. Eu particularmente me sinto tacitamente injuriado ao deparar-me com tais promoções cuja desinência é 99. Alguém lá detrás da vitrina está me tomando por trouxa. Assim como o peixe ogro da lanterninha.
Li em algum lugar que o Rio Grande do Sul estava para desconsiderar o centavo. Se for assim, ao menos por lá os preços passarão a no máximo ter desinência 90. Vive-se numa selva, expostos e vistos como presa fácil de infinitas maneiras. Assunto suficiente para escrever tratados. Aqui apenas um tira-gosto."
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