4 de abril de 2009

CAPANEMA

Como diz o gaúcho, vou falar de minha passagem por Capanema, uma então pequena cidade do Sudoeste do Paraná, na década de 80, povoada por gaúchos alemães e italianos que deixaram o Rio Grande amado, em busca de novas terras. Trouxeram a vanera, o bugio, o chama-me e todas as danças dos pagos com a sanfona na garupa do cavalo companheiro de todas as horas seguido pelo cão amigo fiel de todos os dias. Veio também a cuia pra sevar o mate que por ali era nativo e abundante bastando transformá-lo na erva preparada e fervida com a chaleira de água quente, quase fervendo. Nos campos, o trigo, o milho, o feijão e a soja. Algumas plantações de amendoim e outras de gira-sol. Nas sedes, pertinho delas, os chiqueirões e os estábulos. Soltos pelas cercanias e pelas pastagens, aves de todos os tipos. Pra tornar a saudade menor, o quero-quero (guardião do pampa) e a curucaca também já estavam por lá. Nas esquinas, nos botecos, nas casas e nas escolas naquela Paraná do Getsop (Grupo Especial de Terras do Sudoeste do Paraná) que regularizou a propriedade dos imóveis, construía-se então uma nova sociedade de descendentes de italianos e alemães vindos do Rio Grande do Sul. Mas bah tchê! Cheguei à Capanema vindo de Porto Velho, no então Território Federal de Rondônia, de onde, segundo o inspetor Bishoff (do Banco do Brasil), deveria me retirar imediatamente, para conservar minha integridade física. Minha estada em Capanema foi curta, mas suficiente para muitas pescarias e caçadas. Foi um tempo de traíras e pombas (carijós ou avoantes) que ao clarear do dia deixavam o parque nacional em território argentino, em busca do sal dos saleiros espalhados pelos campos de gado dos gaúchos agora paranaenses, e viravam banquetes nas reuniões dos caçadores e pescadores. Foi lá em Capanema, numa tarde marcada na memória, que ouvi de meu gerente que não era ainda o seu supervisor. Respondi que jamais seria porque era supervisor do Banco do Brasil e me retirei da agência. Reassumi na mesma função no Banco do Brasil, uma semana depois, na agência de Sapé, na Paraíba, depois de apresentar-me ao então diretor de pessoal em Brasília e comunicar que me negava a reassumir em Capanema. Só retornei para encaminhar minha tralha e, como os gaúchos que um dia deixaram o Rio Grande amado, subi o mapa e fui conhecer a Paraíba de João Pessoa, da carne de sol, do côco, do caju, do mungunzá, da manteiga de garrafa, do cará da costa, da macaxera, das lagostas,dos camarões, das cavalas (peixe), das praias maravilhosas, da Baia da Traição, da micareta, do Hotel Tambaú na praia do mesmo nome e de tantas muitas outras coisas boas.

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