25 de fevereiro de 2009

Palestras em Pomerode

Em maio de 2001, a Prefeitura de Pomerode contratou um palestrante, estudioso das origens de nossa gente e de nossa cultura (entre outras coisas), para proferir palestras na rede municipal de ensino. O trabalho estava sendo realizado e chegou a 653 alunos e professores das escolas Almirante Barroso, Amadeu da Luz e Pomerode Fundos. Os participantes avaliaram o trabalho e atribuíram à palestra a nota média de 9,49. O palestrante mereceu 9,53, e a iniciativa da Prefeitura/Gabinete/Turismo/Educação foi premiada com nota 9,51. Infelizmente, no mesmo mês de maio, o vereador Arno Müller, da tribuna da Câmara, criticou a iniciativa, afirmando que o palestrante não poderia continuar atuando, que nem a prefeita ou até mesmo seu marido Elmo Krüger sabiam do trabalho e que o culpado seria o secretário de Educação, Valmor Kamchen. Disse também que o palestrante não reunia condições/competência e que nem era nascido em Pomerode. Pasmem! Discriminação! Medo de sombra? As palestras foram suspensas. Muita gente não calou. Que pena!
O contratado é instrutor/palestrante do Banco do Brasil, do Besc, de associações comerciais e industriais, de câmaras de diretores lojistas, do Sesi, do Senac, de grupos empresariais, etc. É perito das varas cíveis no Estado e mereceu moção da Câmara de Vereadores de Blumenau (ironia) por seus 20 anos de trabalho na área de grafodocumentoscopia, como palestrante e instrutor de entidades de renome nacional. Sócio da Associação Criminalística de Santa Catarina (Acrisc) , diplomado da Adesg e do Dale Carneige Course. É acadêmico de direito. Foi chefe da divisão de compras e licitações da Prefeitura de Blumenau. Participou do seminário de Administração Pública, no Recife, já em 1982, do seminário Universidades/Municípios da Furb-Blumenau e de Administração Municipal ­ Novas Gestões e Legislaturas­Ammvi. O custo normal de uma palestra de três horas cobrado pelo profissional é de R$ 300,00 - sobre o mesmo tema (imigração alemã) ou sobre outros assuntos técnicos (segurança, prevenção de fraudes,). O palestrante e a Prefeitura acordaram em pagar/receber R$ 1.200,00 pelo trabalho já realizado. Foram 14 palestras. Logo, o palestrante doou à Prefeitura e aos estudantes dez palestras. Na verdade, o pagamento das quatro só ressarciu as despesas de material, locomoção, etc. Mais uma vez, o palestrante demonstrou seu amor por Pomerode e sua gente, como tem feito há muito tempo, antes mesmo de fixar residência no Ribeirão Souto, onde é proprietário desde 1985. Seu trabalho mereceu ainda excelente parecer da direção da Escola Almirante Barroso e de seu corpo docente. Nem toda a rede municipal foi atingida. Nem todos os estudantes tiveram a oportunidade de ouvir a versão simples, franca, expositiva, da origem, dos hábitos, da coragem, das dificuldades, da aventura, etc., dos antepassados dessa boa gente que construiu Pomerode, "a cidade mais alemã do Brasil".
Será que o vereador vai protestar mais uma vez se as palestras voltarem? Será que ele é capaz de levar aos estudantes mensagem parecida ou igual? Será que esse vereador doaria quase 70% de seus honorários para a comunidade? Em benefício da cultura? Dos estudantes? Ou será que ele vai continuar criticando o palestrante, a prefeita, a procuradora-geral do município, os secretários, etc, sob o pretexto de que sua função é "fiscalizar e legislar"? A grande diferença está mais uma vez no fato de que o palestrante vive para Pomerode e o vereador, infelizmente, de Pomerode.



Publicado no Jornal “A Notícia”, na época.

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