5 de agosto de 2013

CEZAR ZILLIG



CABRAL, CABRAL
Abusos e desmandos de políticos travestidos de “administradores públicos” ocorrem mundo afora. Também em países adiantados, embora menos e mais discretamente. Mas a diferença entre eles e os “em  desenvolvimento” é grande. Tão grande que façanhas da fauna política da América Latina são motivo frequente de piadas na imprensa internacional. Assim, o “Berliner Zeitung” de 25 de julho, dedicou toda uma coluna aos feitos do governador Sergio Cabral com o título “Vidro blindado contra ovos podres”. O diário berlinense apenas reverbera e satiriza a matéria levantada pela revista Veja. Para o público alemão é curioso saber que o governador do Rio de Janeiro já há dois anos comprou um helicóptero modelo A 109 Grand New, que no catálogo da firma ítalo-britânica Augusta Westland custa 9,7 milhões de dólares (9,7x2,30=22.310.000 Reais) para desempenhar suas funções de governo. Sobretudo para fugir do engarrafado trânsito carioca que martiriza diariamente seus súditos, seu eleitorado. Mas a nota mereceu destaque por acrescentar o detalhe do uso da dispendiosa máquina voadora para fins domésticos em deslocamentos de finais de semana com toda a família mais cachorro e babá, para sua casa de praia (Mangaratiba). Caso a Sra. Cabral esqueça alguma peça de roupa que gostaria de usar, o helicóptero volta ao Rio para buscar. Simples assim. O governador – como tantos outros políticos mal orientados que por aqui campeiam – acha isto normal. É uma “pratica comum”, defendeu-se. O público internacional, ao contrário, vê aí uma boa piada. Riem-se de nossa miséria política.
Depois das manifestações de junho as coisas parecem estar mudando, reconhece o Berliner Zeitung. O jornal sugere a Cabral alugar o Papamóvel que o Papa Francisco desdenha porque o afasta do povo. O Papamóvel tem vidros blindados, proteção mais que suficiente para proteger Cabral de prováveis ovos podres.
Cabral, como todo bom político, se julga acima do povo, se julga príncipe. Acha normal político ter duas faces: posar de povo de um lado e se encastelar como político de outro. Pede aos manifestantes não protestarem diante de sua casa, só na porta do palácio. É para seus filhos apenas lembrarem dele poderoso, indo e vindo de helicóptero, e não dele sendo vaiado.

Nenhum comentário: