COAÇÃO
Recentemente
o plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro virou um campo de batalha: em
meio a grande alarido, ferozes manifestantes, supostamente no exercício da
democracia, partiram para cima dos edis que discordassem de seus “argumentos”.
A coisa descambou para pancadaria inviabilizando os trabalhos por diversas
vezes. O mesmo já havia ocorrido na Comissão Direitos Humanos e Minorias da
Câmara de Deputados por ocasião dos debates sobre a “cura gay”, presidida pelo
Pastor Marco Feliciano.
Em
mãos o SANTA de 13 do corrente. Na matéria sobre a aprovação do Plano Plurianual,
há uma foto do plenário da Câmara Municipal de Blumenau tomado por uma
corporação. Pode-se afirmar isto porque todos vestiam camisetas do movimento
grevista. Houve vaias, diz no texto; não diz o quanto, mas é fácil imaginar que
devem ter sido muitas sublinhando argumentos contrários aos seus interesses.
Aqui
cabe questionar: num ambiente assim, tomado por ruidosos manifestantes
interessados diretamente num determinado resultado, podem os senhores
vereadores deliberar com serenidade? Evidente que não. Evidente que num
plenário assim, o constrangimento, a hostilidade, a opressão, pairam no ar.
Exercitou-se
a democracia? É legítimo, imparcial, o resultado de semelhantes audiências?
Por
mais absurdo que pareça, tais situações até justificariam o abjeto voto secreto;
seria mais legítimo do que um voto aberto dado sob coação, ameaça. É injusto,
desumano, sujeitar o parlamentar, de qualquer nível, a tais corpo a corpo, como
tem se visto; é uma absurdidade que nada tem a ver com democracia.
Assim
como durante as eleições estão proibidas as manifestações, os símbolos
partidários, camisetas, etc. deveria se dar o mesmo nos plenários
parlamentares. O cidadão deve ter o direito de assistir passivo aos trabalhos
parlamentares e só. Não deveria interferir nos debates, a menos que seja
convidado. Apupos ou exaltações deveriam motivar o esvaziamento do plenário por
quebra de decoro.
O
cidadão exerce seu direito como eleitor; uma vez eleito um representante, deixemo-lo
trabalhar em paz..
No
plenário da Câmara Municipal, tão impróprias são as bandeiras partidárias, os
slogans nas camisetas, quanto à imposição do – enorme - crucifixo lá pregado.
enviado por e-mail.
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