16 de setembro de 2013

CEZAR ZILLIG


COAÇÃO

Recentemente o plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro virou um campo de batalha: em meio a grande alarido, ferozes manifestantes, supostamente no exercício da democracia, partiram para cima dos edis que discordassem de seus “argumentos”. A coisa descambou para pancadaria inviabilizando os trabalhos por diversas vezes. O mesmo já havia ocorrido na Comissão Direitos Humanos e Minorias da Câmara de Deputados por ocasião dos debates sobre a “cura gay”, presidida pelo Pastor Marco Feliciano.
Em mãos o SANTA de 13 do corrente. Na matéria sobre a aprovação do Plano Plurianual, há uma foto do plenário da Câmara Municipal de Blumenau tomado por uma corporação. Pode-se afirmar isto porque todos vestiam camisetas do movimento grevista. Houve vaias, diz no texto; não diz o quanto, mas é fácil imaginar que devem ter sido muitas sublinhando argumentos contrários aos seus interesses.
Aqui cabe questionar: num ambiente assim, tomado por ruidosos manifestantes interessados diretamente num determinado resultado, podem os senhores vereadores deliberar com serenidade? Evidente que não. Evidente que num plenário assim, o constrangimento, a hostilidade, a opressão, pairam no ar.
Exercitou-se a democracia? É legítimo, imparcial, o resultado de semelhantes audiências?
Por mais absurdo que pareça, tais situações até justificariam o abjeto voto secreto; seria mais legítimo do que um voto aberto dado sob coação, ameaça. É injusto, desumano, sujeitar o parlamentar, de qualquer nível, a tais corpo a corpo, como tem se visto; é uma absurdidade que nada tem a ver com democracia.
Assim como durante as eleições estão proibidas as manifestações, os símbolos partidários, camisetas, etc. deveria se dar o mesmo nos plenários parlamentares. O cidadão deve ter o direito de assistir passivo aos trabalhos parlamentares e só. Não deveria interferir nos debates, a menos que seja convidado. Apupos ou exaltações deveriam motivar o esvaziamento do plenário por quebra de decoro.
O cidadão exerce seu direito como eleitor; uma vez eleito um representante, deixemo-lo trabalhar em paz..

No plenário da Câmara Municipal, tão impróprias são as bandeiras partidárias, os slogans nas camisetas, quanto à imposição do – enorme - crucifixo lá pregado. 

enviado por e-mail.
também publicado em: www.santa.com.br

Nenhum comentário: