23 de outubro de 2013

CEZAR ZILLIG


FAZENDO DE CONTA

Neste bagunçado Brasil há coisas desconcertantes; por exemplo: no artigo 201 do Código Nacional de Trânsito (CNT) reza: “Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinquenta centímetros ao ultrapassar bicicleta, infração média, penalidade: multa”.
Sem considerar que para levar ao pé da letra esta – prudente -  regra na maioria das ruas estreitas de Blumenau, o trânsito teria que fluir na velocidade da mais lerda das magrelas, o que já é curioso o suficiente, a intriga maior surge quando se pergunta: e as motos? Que distância então há que se afastar de uma moto numa ultrapassagem? Ou uma moto de um carro? Pela lógica, considerando velocidades, a distância deveria ser igual ou maior àquela preconizada (sonhada!) para as bikes. Como se explica então que motos ultrapassem entre filas de carros em movimento onde muitas vezes a distância entre o guidão e os carros de ambos os lados fica aí em torno de vinte, trinta centímetros?
Impressiona a omissão das autoridades, a começar pelo Congresso Nacional, se furtando em encarar corajosamente este grave problema. Grave! Há décadas o trânsito no país mata uma média de 50.000 pessoas por ano, sendo que a maioria destas mortes envolvem a vulnerabilíssima motocicleta. 50.000 mortes e autoridade alguma se comove! Não está previsto que a moto é para ser tratada como os demais veículos automotores e como tal têm que se comportar? Como fica então esta festa de motos se impondo entre fileiras de carro, fazendo slalom sobre tartarugas e coisa e tal? Isto nas barbas dos agentes de trânsito? A coisa está tão consagrada que é de se perguntar: é legal esta anarquia?
E o uso indevido de “insufilm”? Um permanente deboche zombando das “autoridades”? E as faixas de pedestres? Mera simulação de civilidade.
A maior parte da sinalização e boa parte do CNT não é para ser levado a sério; mera fanfarronice terceiromundista. Para inglês ver. 
Aqui em Blumenau parece que a guarda de trânsito debandou de vez, nem na hora do rush ela aparece: cada vez mais se vê sujeitinho passando no vermelho, táxi furando filas, cruzamentos trancados, etc. 
O tema “mobilidade” é prioridade na pauta das grandes cidades brasileiras. O poder público pode sim atuar positivamente. Em Blumenau, por exemplo, nas horas do rush haveria que ter guardas regendo o trânsito nas principais esquinas da Sete, da Quinze e da Beira-rio. Ajudaria muito; é comum se ver semáforo aberto para via ociosa, sem trânsito, enquanto na transversal um engarrafamento feroz fica retido. 

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