FAZENDO
DE CONTA
Neste
bagunçado Brasil há coisas desconcertantes; por exemplo: no artigo 201 do
Código Nacional de Trânsito (CNT) reza: “Deixar de guardar a distância lateral
de um metro e cinquenta centímetros ao ultrapassar bicicleta, infração média, penalidade:
multa”.
Sem
considerar que para levar ao pé da letra esta – prudente - regra na maioria das ruas estreitas de
Blumenau, o trânsito teria que fluir na velocidade da mais lerda das magrelas,
o que já é curioso o suficiente, a intriga maior surge quando se pergunta: e as
motos? Que distância então há que se afastar de uma moto numa ultrapassagem? Ou
uma moto de um carro? Pela lógica, considerando velocidades, a distância
deveria ser igual ou maior àquela preconizada (sonhada!) para as bikes. Como se
explica então que motos ultrapassem entre filas de carros em movimento onde
muitas vezes a distância entre o guidão e os carros de ambos os lados fica aí
em torno de vinte, trinta centímetros?
Impressiona
a omissão das autoridades, a começar pelo Congresso Nacional, se furtando em encarar
corajosamente este grave problema. Grave! Há décadas o trânsito no país mata
uma média de 50.000 pessoas por ano, sendo que a maioria destas mortes envolvem
a vulnerabilíssima motocicleta. 50.000 mortes e autoridade alguma se comove! Não
está previsto que a moto é para ser tratada como os demais veículos automotores
e como tal têm que se comportar? Como fica então esta festa de motos se impondo
entre fileiras de carro, fazendo slalom sobre tartarugas e coisa e tal? Isto
nas barbas dos agentes de trânsito? A coisa está tão consagrada que é de se
perguntar: é legal esta anarquia?
E
o uso indevido de “insufilm”? Um permanente deboche zombando das “autoridades”?
E as faixas de pedestres? Mera simulação de civilidade.
A
maior parte da sinalização e boa parte do CNT não é para ser levado a sério;
mera fanfarronice terceiromundista. Para inglês ver.
Aqui
em Blumenau parece que a guarda de trânsito debandou de vez, nem na hora do
rush ela aparece: cada vez mais se vê sujeitinho passando no vermelho, táxi furando
filas, cruzamentos trancados, etc.
O
tema “mobilidade” é prioridade na pauta das grandes cidades brasileiras. O
poder público pode sim atuar positivamente. Em Blumenau, por exemplo, nas horas
do rush haveria que ter guardas regendo o trânsito nas principais esquinas da
Sete, da Quinze e da Beira-rio. Ajudaria muito; é comum se ver semáforo aberto
para via ociosa, sem trânsito, enquanto na transversal um engarrafamento feroz fica
retido.
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